Desde janeiro, a 10ª Regional de Saúde de Cascavel registrou 147 notificações envolvendo acidentes com animais peçonhentos. Deste total, 64 foram com aranhas (na maioria delas a armadeira e a aranha-marrom). Os ataques com aranhas respondem por 43% dos casos no município, e lideram a lista de notificações, assim como ocorreu em todo o ano passado.
Já as abelhas estão na segunda colocação neste quesito. De janeiro até a primeira quinzena de outubro deste ano foram notificados 55 ataques. Em 2016, foram 68. Casos com serpentes somam oito notificações até agora, enquanto no ano passado eram 14. Os tão temidos escorpiões também estão na lista, com quatro notificações. As lagartas representam apenas dois casos. No levantamento há ainda outros 14 acidentes, que envolvem 17 espécies de animais peçonhentos que possuem veneno de menor gravidade à saúde humana.
Na região
O levantamento traz ainda o número de notificações entre os 25 municípios que englobam a 10ª Regional. Segundo o enfermeiro Marcelo Furtado, de janeiro até agora foram 624 casos, 347 deles por aranha, 153 por abelha, 50 por serpentes, 31 por lagartas, nove por escorpião e outros 34 acidentes provocados pelas demais espécies. Em todo o ano de 2016, as notificações chegaram a 796. Vale lembrar que no ano passado um morador de Guaraniaçu morreu em decorrência de picada de abelha. Neste ano, nenhum óbito foi registrado.
Cada espécie animal tem uma maneira e um local propício para atacar, variando também os vários fatores que contribuem para o acidente. “Apesar de não serem bem conhecidos os fatores que acarretam mudanças no padrão das populações de animais peçonhentos em um determinado meio, desequilíbrios ecológicos (ocasionados por desmatamentos, uso indiscriminado de agrotóxicos, praguicidas e outros produtos químicos, além de processos de urbanização) e alterações climáticas têm participação no incremento dos acidentes e, consequentemente, importância na saúde pública”, explica Furtado.
O que fazer?
Após acidentes com animais peçonhentos, a vítima deverá ser encaminhada o mais rápido possível para uma unidade de saúde (UBS ou UPA) mais próxima. Caso o paciente não consiga se locomover até o local, a orientação é de que o SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) seja acionado.
“Todo paciente deve ser atendido por médico para o diagnóstico e indicação do tratamento. Caso seja necessária soroterapia, o paciente será encaminhado para o Hospital Universitário do Oeste do Paraná, em Cascavel, local referência para todos os soros (anticrotálico, antibotrópico, antielapídico, antiescorpiônico, antiaracnídico e antilonômico)”, comenta o enfermeiro, que faz ainda uma recomendação: “Todos os pacientes submetidos à soroterapia devem ser hospitalizados para monitoramento da evolução e possível aparecimento de reações adversas ao antiveneno, avaliação da eficácia da soroterapia e verificação da ocorrência de complicações locais e/ou sistêmicas”, explica.
Como se proteger
Para evitar que acidentes com animais peçonhentos ocorram, especialmente no verão, que é quando os riscos aumentam por conta das altas temperaturas que provocam o aparecimento destas espécies em maior volume, Furtado lembra que não se deve colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, entre espaços situados em montes de lenhas ou pedras, e se necessário for utilizar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). “Orientamos também olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer, no amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade, não mexer em colmeias e vespeiros, inspecionar roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes, antes de usá-los, afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários”, orienta.