SÃO PAULO – O leilão de quatro aeroportos, que acontece nesta quinta-feira na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), é o primeiro teste do governo do presidente Michel Temer no capítulo das concessões. Serão oferecidos à iniciativa privada os aeroportos de Fortaleza, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis.
O valor mínimo de outorga que o governo espera arrecadar é de R$ 3,7 bilhões, lances mínimo por todos os aeroportos somados. Os investimentos a serem feitos nos terminais somam R$ 6 bilhões e as concessões é de 30 anos, à exceção do de Porto Alegre, que tem concessão de 25 anos.
Analistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que, se houver, o ágio dos lances será muito baixo, diferente da rodada de concessões anteriores. Na rodada anterior, por exemplo, a Odebrecht em consórcio a Changi de Cingapura ofereceu R$ 19 bilhões pelo Galeão, um ágio de 294% sobre o lance mínimo de R$ 4,8 bilhões.
? Esses ágios estratosféricos não se repetirão ? diz um consultor que acompanha a operação.
Outra mudança importante deste leilão é o perfil dos investidores. Segundo fontes do mercado apresentaram propostas os alemães da Fraport, os franceses da Vinci Airports e os suíços da Zurich Airport. São companhias especializadas no negócio de administração de aeroportos, que têm interesse em entrar no Brasil. Dessas, apenas os suíços da Zurich Flughafen já estão presentes no Brasil na administração do aeroporto de Confins (MG) em parceria com a CCR.
As grandes construtoras, que estão sendo investigadas pela operação Lava Jato e têm o caixa fragilizado, ficaram de fora da disputa. Também se esperava que fundos de investimento entrassem no páreo. O Pátria Investimentos chegou a elaborar propostas, foi até a Bolsa de Valores entregar, mas desistiu na última hora sem dar explicações.
? Operar um aeroporto é uma atividade muito específica. É difícil para quem não é do ramo se aventurar nessa área ? explica o advogado Massami Uyeda Junior, sócio do escritório Arap, Nishi e Uyeda, que há anos atua na área de infraestrutura.
? Nós vamos ter bons resultados. Nós temos propostas de consórcios com grande conhecimento técnico, são players internacionalmente reconhecidos e nenhum deles é construtora, o que é positivo, pois teremos contrato de concessão e não de construção – disse o ministro ao GLOBO.
Ele confirmou que o governo não espera ágios elevados, como aconteceu nas rodadas anteriores. A explicação é desta vez, a Infraero ficará fora da disputa, ao contrário das anteriores quando a estatal foi obrigada a entrar com 50% de participação nos consórcios.
? Metade dos ágios elevados dos leilões anteriores era bancada pelo Tesouro Nacional porque a Infraero era obrigada a entrar com 50% e como a empresa estava quebrada, era o próprio governo que alocava os recursos. Ao dar o lance, o investidor já abatia os 50% da Infraero e aí, os ágios podiam realmente ser altos ? explicou o ministro.