No mundo e no Brasil, a expectativa de vida aumentou. E muito tem se falado sobre o envelhecimento com qualidade da população. E, se por um lado pessoas com 60, 70 e até 80 anos conseguem ter uma vida ativa e saudável, por outro, o corre-corre diário das famílias, acaba deixando de proporcionar os cuidados o idoso merece. E, nesses casos, profissionais capacitados e programas voltados a esse público, seja no Poder Público, seja na iniciativa privada, têm feito a diferença na vida e saúde da chamada “Terceira Idade”.
Em Cascavel, são pelo menos 45 mil pessoas com mais de 60 anos, no Brasil cerca de 30 milhões. O envelhecimento muitas vezes vem acompanhado de uma série de problemas de saúde ou apenas da falta de uma companhia diária. E é aí que aparece a figura dos “cuidadores de idosos”, uma função cada vez mais procurada e necessária para as famílias, que acabam não dando conta de cuidar dos idosos como eles merecem.
“Home care”
Uma das opções que ajudam para garantir a qualidade de vida dos idosos, é o chamado home care, uma assistência domiciliar multiprofissional. Amanda Luiza Alves Bobloski, que é enfermeira e diretora comercial de uma empresa especializada no ramo, explica que cada vez mais esse tipo de serviço é necessário. Sendo uma operadora de saúde, empresas com essa especialidade, que precisam ter registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), oferecem uma série de profissionais, desde cuidadores até médicos.
Para a enfermeira esse modelo de atendimento a domicílio cresce em todo o país, já que oferece a família uma série de profissionais, de acordo com a necessidade do paciente. Além disso, tem ainda o serviço de controle de medicamentos, cedência de materiais de equipamentos hospitalares, além de mobiliário. Em casos que o idoso fica acamado, a equipe ajuda na organização dos espaços e no cuidado diário. “Vantagem é que os familiares podem sair para trabalhar que o idoso estará sendo bem cuidado”, explicou.
A enfermeira reforçou ainda que essa é uma forma do idoso ser atendido com o cuidado que merece e ficar próximo da família, o que auxilia e muito na recuperação. Além disso, com a contratação da empresa a família acaba não tendo vínculo com os funcionários, já que é tudo oferecido de forma terceirizada. “Atendemos casos em que somos contratados apenas para fazer companhia para as pessoas”, falou.
O atendimento é feito para casos de baixo, média e alta complexidade, mas de pessoas que não são casos graves. O mesmo serviço pode ser aplicado em casos de crianças e adultos que necessitam de cuidados ou que muitas vezes passam a precisar, no caso de acidentes, por exemplo.
Políticas públicas
O secretário de Assistência Social de Cascavel, Hudson Moreschi Júnior, disse que a cidade tem uma série de ações que ajudam nas políticas públicas para a terceira idade, não somente nos cuidados de saúde, mas na promoção de ações que visam manter a qualidade de vida em todas as áreas. Uma delas é o programa Cidade do Idoso, instalada no Parque Tarquínio, na qual são realizadas ações de segunda a sexta-feira.
“Muitas famílias não tem tempo de cuidar do idoso e, nesses casos, ele pode frequentar o programa que ocorre o dia todo”, explicou. Atualmente, pelo menos 800 idosos estão inscritos no programa e podem participar de acordo com a sua disponibilidade. Durante o dia, a partir das 8h os idosos contam com café da manhã e almoço, além de atividades físicas (incluindo alongamentos) e uma série de oficinas e jogos.
Para Hudson, a ideia é estruturar ainda melhor o programa que tem apenas um ano de funcionamento para, em seguida ampliar, para outros pontos da cidade. Já para os idosos dependentes e que não tem família, o Município disponibiliza o Família Acolhedora, no qual as famílias inscritas e que tem condições, recebem um valor mensal para cuidar e dar atenção ao idoso que acabou ficando sozinho.
Saúde: Paid é uma das opções
Na área da saúde existe o acompanhamento aos idosos por meio dos agentes comunitários de saúde, presentes em todas as unidades de saúde e saúde da família de Cascavel. Para os acamados e que as famílias necessitam de auxílio, o Paid (Programa de Assistência e Internação Domiciliar), tem boas referências e teve atendimento ampliado durante a pandemia.
O Paid conta com três equipes de atendimento, sendo que cada uma é composta por um médico, enfermeiro, fisioterapeuta e técnico de enfermagem, além de nutricionista e assistente social que dão apoio ao programa. Cascavel é dividida em três distritos sanitários, para atendimento e os pacientes são visitados uma vez por semana.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 30% dos pacientes atendidos pelo programa são oncológicos. Crianças e doentes crônicos também fazem parte da internação domiciliar.
Hábitos saudáveis e avanços contribuem para vida longa
Em pouco mais de dez anos, o número de idosos no Brasil aumentou em 11 milhões de pessoas. Em 2010, o país tinha 19 milhões de habitantes com mais de 60 anos de idade. Em 2021, esse número chegou a 30,3 milhões de pessoas, segundo o IBGE. A expectativa para as próximas décadas é que esse número continue aumentando. Projeções estimam que, em 2060, três em cada dez brasileiros serão idosos.
Para o gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, Márcio Minamiguchi, o aumento do número de idosos vem acompanhado de uma mudança de perfil dessa parcela da população ao longo dos anos. “Aqueles idosos que hoje em dia chegam a idades mais avançadas, certamente, vão ter um tempo de vida maior e mais saudável em comparação com o passado. Ser idoso agora é bem diferente do que há algumas décadas.”
Atualmente, a expectativa de vida no Brasil é de quase 77 anos – em 2010, era de 73 anos.
Longevidade
Segundo a geriatra Roberta França, o aumento da longevidade está relacionado com uma série de fatores como: a prática de exercícios, a alimentação saudável e o avanço da ciência que permitiu a descoberta de novos tratamentos. “Nós começamos a compreender melhor o processo do envelhecimento e, com os diagnósticos mais precisos, criamos mecanismos para melhorar a qualidade de vida”.
O aumento da expectativa de vida provocou uma mudança no perfil dos pacientes que procuram o consultório da geriatra. “Há 30 anos, ter um paciente centenário era muito pouco comum. Atualmente, eu atendo dezenas de pessoas com mais de 100 anos de idade, e quem chegou aos 60 anos continua tendo uma vida ativa com trabalho, viagens e namoro.”
Avanços
Médico do Inca (Instituto Nacional do Câncer), Gélcio Mendes diz que, atualmente, em diversos tipos de câncer as chances de cura são consideradas altas, mesmo em pacientes idosos, e superam os 90% nos tumores na pele, mama, testículo, próstata e útero.
“Hoje em dia, entendemos melhor os tumores e temos tecnologias mais apropriadas para avaliar a extensão de cada tumor, mas o sucesso dos tratamentos está sempre relacionado com o diagnóstico precoce que é fundamental para aumentar as chances de cura.”
A medicina também avançou nos tratamentos das doenças cardiovasculares, embora elas ainda sejam a principal causa de morte em todo o mundo. No Brasil, anualmente, cerca de 230 mil pessoas morrem devido a problemas relacionados ao coração. O coordenador do setor de medicina nuclear do Hospital Pró-Cardíaco, Cláudio Tinoco, diz que as pessoas devem procurar sempre controlar a glicose, a pressão arterial e o colesterol para evitar o agravamento das doenças.
“Este controle deve ser preventivo. Os pacientes devem procurar os médicos pelo menos uma vez por ano para realizar um check up completo. Isso é ainda mais importante depois dos 60 anos de idade.”