Cotidiano

Em carta a Temer, Picciani diz que não indicou nomes para governo

jorge-piccianiRIO ? O presidente do PMDB do Rio e da Alerj, Jorge Picciani, divulgou carta ao presidente interino Michel Temer na qual diz que não indicou cargos para o governo. No texto, Picciani afirma que não realizou indicações ?nem de primeiro, nem de segundo, nem de terceiro escalões?. Ele pede ainda que seja exonerado aquele que tenha sido nomeado como fruto de uma indicação sua. Picciani é pai do ministro do Esporte, Leonardo Picciani.

?Não indiquei nem indicarei cargos no seu governo ? nem de primeiro, nem de segundo, nem de terceiro escalões. Se alguém usar meu nome para fazer qualquer pedido neste sentido, saiba que estará apresentando credenciais falsas. Caso Vossa Excelência já tenha nomeado alguém que usou meu nome, peço que exonere imediatamente. Não me interessa Furnas, nem setor elétrico, nem setor algum. Interessa-me o Brasil. Interessa-me ver o Rio de Janeiro sair da mais grave crise da sua história. Interessa-me o povo brasileiro?, diz trecho da carta assinada por Picciani.

Na segunda-feira, O GLOBO mostrou que o comando das estatais do setor elétrico será dividido entre o PMDB. A bancada do partido no Senado indicará o nome para a presidência da Eletrobras. Já o PMDB do Rio faz pressão para retomar o controle de Furnas. Entre os ex-presidentes da empresa escolhidos pelo diretório fluminense estão Luiz Paulo Conde (2007/2008) e Carlos Nadalutti Filho (2008/2011). Este último caiu sob a alegação de que era indicado pelo presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O presidente atual, Flávio Decat de Moura, nomeado em 2011, também teria o aval de Edison Lobão e José Sarney, embora nos bastidores diga-se que eles apenas apadrinharam uma pessoa escolhida pela própria Dilma.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, também será contemplado. Seu partido, o PSB, vai assumir a presidência da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco). A empresa Binacional Itaipu, que é presidida desde 2003 pelo petista Jorge Samek, também mudará de mãos. O próximo presidente, indicado pelo PMDB do Paraná, deve ser Rodrigo Rocha Loures, ex-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (2203/2011) e atual vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O empresário é pai de um dos assessores de Michel Temer, o ex-deputado Rocha Loures.

Leia a íntegra da carta de Jorge Picciani:

Rio de Janeiro, 31 de maio de 2016

Excelentíssimo Senhor Presidente da República em Exercício

Michel Temer,

Vossa Excelência me conhece há muitos anos e, embora não sejamos amigos nem tenhamos intimidade, já dei inúmeras demonstrações da forma como ajo. Todos os que me conhecem sabem que não me atrai indicar nomes para ocupar cargos no Executivo ? não apenas por prezar minha independência, mas, sobretudo, por precaução, por considerar um perigo depositar confiança em pessoas que, no futuro, podem não estar à altura da missão que lhes foi confiada. Por isso, todas as vezes em que indicações de cargos me foram ofertadas no governo federal, declinei.

Por isso, gostaria que soubesse que neste momento em que Vossa Excelência compõe o seu governo ? onde o Rio, aliás, está muito bem representado não apenas pelo meu filho Leonardo, mas também pelo Moreira Franco, pela Maria Silvia Bastos Marques, pelo Marcelo Calero, todas escolhas pessoais suas ?, venho a público dizer que, apesar das informações veiculadas na imprensa e alimentada por fontes cuja motivação desconheço, minha posição não mudou.

Não indiquei nem indicarei cargos no seu governo ? nem de primeiro, nem de segundo, nem de terceiro escalões. Se alguém usar meu nome para fazer qualquer pedido neste sentido, saiba que estará apresentando credenciais falsas. Caso Vossa Excelência já tenha nomeado alguém que usou meu nome, peço que exonere imediatamente. Não me interessa Furnas, nem setor elétrico, nem setor algum. Interessa-me o Brasil. Interessa-me ver o Rio de Janeiro sair da mais grave crise da sua história. Interessa-me o povo brasileiro.

Saiba que Vossa Excelência tem em mim um aliado franco, que não fala em off, que preza acima de tudo a sua independência e que apoia o seu governo por uma única razão: por acreditar que o seu sucesso significa o sucesso do País e que precisamos, urgentemente, reerguer o Brasil!

Um forte abraço,

JORGE PICCIANI

Presidente da ALERJ e Presidente Regional do PMDB