Cotidiano

Dez mil ultrapassam velocidade permitida no 1º dia dos radades na Ponte

RIO — A sinalização eletrônica e as placas ao longo da via não foram o bastante para inibir os mais apressados. Na última quarta-feira, primeiro dia de funcionamento dos radares fixos da Ponte Rio-Niterói, 10 mil motoristas foram flagrados trafegando acima dos 80km/h, velocidade máxima permitida na via. O número, por enquanto, serve apenas como alerta. Por se tratar de um período de ajustes dos aparelhos, nenhum dos condutores será multado por pisar demais no acelerador.

— Desde quando começamos a intensificar os avisos de que a ponte teria radar, há três meses, o comportamento dos motoristas mudou. Cada vez mais os motoristas estão respeitando a velocidade. Isso vai ser um processo. Os radares foram ligados e tenho certeza que esse número vai diminuir – diz Julio Amorim, gerente de atendimento ao usuário da Ecoponte, concessionária que administra a via.

Para quem passa pela ponte, a diferença pode ser percebida. Grande parte dos motoristas não ultrapassam os 80km/h. Coincidência ou não, nos dois primeiros dias de funcionamento dos pardais, não houve acidentes.

De acordo com o projeto, quatro radares em cada sentido da rodovia, o que significa que há um equipamento de controle de velocidade a cada três quilômetros aproximadamente. Um estudo técnico feito por uma empresa contratada, com auxílio da PRF e da Ecoponte, estabeleceu a localização de cada um deles, com base nos pontos de maior índice de acidentes. Para quem vai para Niterói, os radares ficam nos seguintes pontos: reta do cais; grande reta; descida do vão central; e na altura da Ilha do Mocanguê.

— A ideia não é multar, é educar — diz Amorim.

Até agora, entre os usuários da via, os novos radares têm surtido efeito. O economista e professor universitário Rodolfo Nicolay diz que mudou sua forma de dirigir desde o dia 1º de junho. Ele conta que soube por um amigo que os radares iriam multar, então preferiu não arriscar.

— Sou daquele tipo de motorista que acompanhava o fluxo da ponte. Se estão andando rápido, acima dos 90km/h, eu ia. Mas agora é diferente. Fiquei na dúvida se seria multado, então preferi não oassar o limite. E muitos motoristas que estavam na ponte também não ultrapassaram. Já dá para ver a diferença.

O estudante Fabio Lima Barbosa também foi outro que tirou o pé do acelerador. Ele conta costumava andar na faixa da esquerda sempre acima dos 80km/h, mas agora vai respeitar. Ele, porém, acredita que o limite da velocidade pode aumentar o tempo de travessia entre Niterói e o Rio.

— Eu acho que limitar a velocidade vai provocar aumento no trânsito da ponte, que já está saturada – reclama Fabio. – Eu respeitei, mas tem sempre aqueles que desobedecem. Ou que vão diminuir para passar pelo radar, e depois vão acelerar.

De acordo com o chefe do policiamento da 2ª Delegacia da PRF Marcelo Ligiero, nada disso vai ocorrer:

— Se a velocidade na via fosse de 100km/h, o motorista iria ganhar cerca de dois minutos na travessia. É um aumento muito pequeno para o risco que é andar mais rápido em na ponte — afirma Marcelo, que acrescenta: — Como os radares estão separados por apenas três quilômetros um do outro, não vai ser possível freiar e acelerar depois que passarem do radar porque os motoristas que estiverem à frente também não vão poder correr. É um efeito cascata.