Cotidiano

Depois das “águas de maio”, junho traz chuva boa para campo e cidade

O Governo do Estado chegou a publicar vários decretos declarando e prorrogando a situação de emergência em todo o território paranaense por conta da estiagem, problema que agora está equacionado

Celso Dias
Celso Dias

 

Cascavel – Depois de chuvas com registro positivo em maio, junho começou bastante chuvoso, típico para esta época do ano que marca o fim de outono e início de inverno. De acordo com dados do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) este ano as precipitações estão bem maiores do que no mesmo período do ano passado. De janeiro a maio de 2022 choveu 914,8 milímetros, bem acima dos 511,6 mm no mesmo período do ano passado, ou seja, 55% a mais de chuva.  Somente no mês de maio as chuvas somaram 146,2 mm, bem mais do que maio do ano passado quando foram registrados apenas 27 mm.

 

Feijão e milho

Marcelo Garrido, chefe do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná, disse que em geral as chuvas são boas nesta época em que o campo na região de Cascavel tem parte ainda do feijão que está na fase de colheita, tem milho e ainda tem o trigo.

Segundo Garrido, se os períodos de chuva forem prolongados, pode ser que atrapalhe o feijão, já que tem parte dela sendo colhida, principalmente se a área já estiver dessecada, mas que ainda é cedo para avaliar. O Paraná tem uma área de 300 mil hectares de feijão e destes, 13 mil são em Cascavel. Já o trigo que está em fase de plantio está na reta final, que também não deve ter prejuízos.

A cultura de maior presença é o milho segunda safra. De acordo com o último boletim do Deral, o milho está 6% na fase de floração, 62% de frutificação e 32% na maturação. O técnico do Deral, Edmar Gervásio, disse que como a maior parte está em frutificação, que é a fase da formação do grão é justamente a fase em que o milho precisa de água. Já para as outras fases, só trará prejuízos com mais dias de chuvas ininterruptas, quando pode ocorrer problemas com excesso de umidade.

 

O professor e agrometereologista Reginaldo Ferreira explicou que as precipitações são bem comuns nessa época de outono e que podem ocorrer de 4 a 7 dias. “Para algumas culturas a chuva é favorável e para outras nem tanto, assim como para algumas pessoas o clima é bom e para outros não”, observou o professor. Segundo ele, o problema maior acaba sendo para as plantas de verão, mas que a chuva ainda não causou problemas.

Ferreria lembra que as plantas respiram pelas as raízes e nos dias mais úmidos as plantas acabam tendo uma dificuldade maior, período estacionário. Sobre a previsão para os próximos dias, o professor disse que

esta semana a previsão é de mais chuvas, já na próxima deve secar um pouco mais. A partir do dia 10, uma nova frente fria traz nova previsão de geadas, mas que ainda não se sabe se será mais leve ou forte. “A água é sempre é bem vinda e aumenta nível de água nos reservatórios, bastante importantes para o consumo”, reforçou.

 

Nível dos rios

Em Cascavel, os quatro rios que abastecem a cidade – Cascavel, Peroba, Saltinho e São José – estão bem “cheios” e chegaram a 100%. Segundo a Sanepar, durante os meses de estiagem a déficit hídrico chegou a cerca de mil milímetros, mas com as chuvas dos últimos meses a vazão dos rios está totalmente recuperada. A média de consumo em maio foi de 69 milhões de litros por dia, e nos últimos 3 dias caiu para 63,5 milhões.

O Lago Municipal da cidade que também sofreu com a estiagem também está com a sua capacidade normalizada. Cascavel, a exemplo de todo do Paraná, conviveu com vários meses de estiagem, tendo que inclusive adotar sistema de rodízio no abastecimento por vários meses entre 2019 e 2021.

 

Foto: Celso Dias