A primavera brasileira 2024 começa oficialmente no neste domingo, 22 de setembro, às 09h44 (horário de Brasília). Para a estação, os brasileiros podem esperar um clima seco até meados de novembro, segundo o Prognóstico da Primavera elaborado pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Os meteorologistas explicam que a definição e a qualidade do período chuvoso nesta estação — nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, em parte da Região Sul e no centro-sul da Região Norte — dependem do processo de convergência de umidade vinda da Amazônia. Já a primavera no Nordeste costuma ter volumes de chuva inferiores a 100 milímetros (mm), principalmente no norte do Piauí e noroeste do Ceará.
A expectativa é que as chuvas fiquem acima da média em alguns pontos isolados, como Acre, Roraima, sudoeste do Amazonas, sudeste da Bahia e Rio Grande do Sul. Também espera-se o retorno gradual das chuvas nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No entanto, o sul do Amazonas — onde se concentram ainda muitos focos de incêndios — deve continuar sofrendo com a seca e as queimadas até o final de outubro.
Temperaturas
Em relação à temperatura, os termômetros vão subir em grande parte da Região Norte, interior do Nordeste e em alguns pontos da parte central do país. A professora Ana Ávila, pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Universidade Estadual de Campinas (Cepagri/Unicamp), explica o que deve provocar o aumento das temperaturas. “A primavera tende a ter uma demora em estabelecer esse regime de chuvas na região central do país e, com isso, a gente tem temperaturas elevadas, que é o que se espera de um período mais prolongado ainda na primavera.”
La Niña
Os meteorologistas afirmam que o fenômeno climático La Niña já deve começar no Brasil ainda neste mês de setembro, com 58% de chances de ocorrências no trimestre que vai até novembro. Já no trimestre de outubro a dezembro de 2024, a probabilidade de ocorrer o fenômeno aumenta para 60%.
O La Ninã se caracteriza pelo resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial, ao contrário do El Niño, que é o aquecimento dessas águas. A pesquisadora Ana Ávila afirma que, em 2024, o La Ninã não deve ocorrer com muita intensidade e extensão e detalha os impactos do fenômeno na primavera brasileira.
“Os modelos estão apontando uma tendência de redução de chuvas, embora nesses próximos dias, por exemplo, haja uma situação de chuvas em excesso no Sul, com risco de alagamentos e enchentes no Rio Grande do Sul, principalmente. Mas a longo e médio prazo, não se espera chuvas mais tão volumosas, exatamente por conta da La Ninã, que tem uma tendência de redução do volume de chuvas no sul do país e aumento do volume de chuvas no norte.”
A primavera se encerra no Brasil às 06h20 (horário de Brasília) do dia 21 de dezembro de 2024.
Paraná: Simepar prevê estação quente e com chuvas pouco abaixo da média
De acordo com a previsão do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), o primeiro dia da estação será quente com pouca chuva em todas as regiões. O tempo fica ensolarado nas regiões Norte, Noroeste, Norte Pioneiro, Sudoeste e Oeste. Permanece nublado na Capital, Litoral, Sudeste e Sul. Nos Campos Gerais, o sol brilha em Telêmaco Borba, mas as nuvens predominam em Ponta Grossa e Jaguariaíva. A temperatura mínima prevista é de 15 ºC em Guarapuava, Jaguariaíva, Ponta Grossa e na Capital. A máxima deve atingir 33 ºC em Paranavaí, Umuarama, Maringá, Londrina, Jacarezinho e Guaíra.
À medida que se aproxima o verão, os dias se tornam progressivamente mais longos e quentes. Neste ano, o fenômeno meteorológico La Niña se forma entre a primavera e o verão, com intensidade fraca, influenciando o clima paranaense até o primeiro trimestre de 2025. “Além disso, as águas do Oceano Atlântico Sul e a temperatura média do ar sobre a América do Sul continuarão mais quentes que o normal”, afirma o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib.
Acima do normal
A previsão indica que as temperaturas médias do ar ficarão acima da normalidade para a estação em todo Paraná. De acordo com os dados históricos, os maiores valores de temperaturas máximas são habitualmente registrados nas regiões Oeste, Sudoeste, Norte e Litoral. Em outubro, a chuva deve seguir o padrão de normalidade. Em novembro e dezembro, fica entre próxima e abaixo da média histórica em todas as regiões. “São esperadas ondas de calor e longos períodos sem chuvas”, observa.
Por ser considerada uma estação de transição entre o inverno e o verão, a primavera favorece a ocorrência de eventos meteorológicos severos como rajadas de ventos fortes, granizos, alta incidência de raios e chuvas volumosas. A previsibilidade desses episódios é desafiadora e muito difícil de ser realizada com grande antecedência. Por esse motivo, o monitoramento sistemático das condições meteorológicas e a emissão de alertas de curto prazo são essenciais para prevenir e mitigar os efeitos na sociedade.
A previsão do tempo diária está disponível no podcast Simepar Informa e nas redes sociais do órgão, além do portal www.simepar.br.
Para agrometeorologia, cenário é preocupante
A agrometeorologista do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), Heverly Morais, orienta os produtores a adotarem cuidados com as plantações nesta primavera. “O cenário é preocupante por causa das temperaturas muito elevadas e chuvas abaixo da média climatológica, com distribuição irregular e períodos prolongados de estiagem”, afirma.
Culturas como soja, milho e feijão podem ser afetadas de diversas maneiras, incluindo atraso na semeadura, germinação desuniforme, crescimento inadequado das plantas e desenvolvimento deficiente dos grãos. Para mitigar os efeitos desses períodos secos e quentes, é recomendável escalonar a semeadura utilizando cultivares de ciclos diferentes. Deve ser evitado o uso de uma população de plantas superior à recomendada. É importante escolher sementes de boa qualidade e cultivares adaptadas à região, mantendo o equilíbrio nutricional.
As altas temperaturas e ondas de calor podem prejudicar as hortaliças, especialmente as folhosas, que exigem muita água para irrigação. É alto o risco de danos a culturas como café, cana-de-açúcar, mandioca e frutíferas, bem como às pastagens.