RIO – A queda no quarto trimestre da economia brasileira foi maior que a prevista pela maioria dos analistas ? as expectativas eram de redução de 0,6% e veio 0,9%, frente ao período de julho, agosto e setembro. Mas o Brasil já começou a sair do atoleiro, mesmo que a passos tímidos. Todos os principais componentes do PIB já interromperam a queda e apontam para a recuperação.
A recessão, que se agravava a cada divulgação dos resultados trimestrais até junho do ano passado, começou a ficar mais suave. Até o meio do ano, a recessão era de 4,8%. Fechamos 2016 com a atividade econômica 3,6% menor. A comparação entre os semestres também mostra a situação um pouco menos pior. A recessão foi de 4,5% nos seis primeiros meses do ano e caiu a 2,7% no segundo semestre.
Os indicadores mais robustos seguem a mesma direção. O investimento, que historicamente oscila mais, caía a 15,8% no início do ano. Fechou com queda de 10,2%.
Foi assim com o consumo das famílias também. Apesar de ter encolhido mais do que em 2015 ? 3,9%, contra 4,2% em 2016 ?, chegou a cair 5,5% no meio do ano.
As perspectivas estão mais favoráveis, a ponto de a confiança começar a reagir, tanto dos empresários como dos consumidores. A inflação em queda vem ajudando a ter uma percepção melhor de futuro. Até a indústria, que produziu 3,8% menos no ano passado, voltou a contratar em janeiro.
A reação é bem tímida diante do desastre econômico que se abateu sobre o Brasil, corroendo conquistas sociais como a formalização da mão de obra, a queda sistemática da pobreza, que voltou a subir, e a renda, que fica mais concentrada, interrompendo décadas de melhoria na distribuição, num país que é o 15º mais desigual do mundo. O PIB per capita caiu 11% desde o segundo trimestre de 2014. A participação da indústria na economia desabou desde 2005: saiu de 17,4% para 11,7%, perdendo mais de um terço de espaço.
Já o mercado de trabalho ainda está no fundo do poço e deve continuar afundando. Até que se consiga incluir novamente quase 13 milhões de desempregados ainda vai demorar. A taxa de desemprego está em 12,3%, e ainda deve subir este ano. Com alguns sinais de melhora, os trabalhadores que desistiram de procurar uma vaga vão voltar ao mercado e elevar a taxa. Há economistas prevendo que 13% da força de trabalho ficará sem ocupação este ano.
Somente em 2018, o mercado de trabalho deve exibir algum fôlego, se tudo se mantiver estável, o que não é a rotina com a qual os brasileiros têm convivido ultimamente, principalmente na política, nas esferas criminais, com a Operação Lava-Jato a todo vapor, e com a crise nos estados.