EM 2025

Oeste responde por um terço dos casos de raiva no Paraná

Oeste responde por um terço dos casos de raiva no Paraná

Cascavel – Após quase uma década sem registros expressivos, a região Oeste do Paraná voltou a enfrentar surtos de raiva bovina e equina a partir de 2021. A situação tem se mantido preocupante desde então, com notificações anuais crescentes em propriedades rurais de 28 municípios sob a jurisdição da unidade regional da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) em Cascavel.

De janeiro até 18 de julho deste ano, a Adapar registrou 56 casos da doença em 45 focos distintos, atingindo 12 municípios da região. Em todo o Estado, já são 153 casos em 129 focos. Os dados foram fornecidos pela chefe regional da Adapar em Cascavel, médica-veterinária Odete Medeiros, e pela coordenadora estadual de Prevenção e Controle da Raiva, Elzira Pierre.

Os municípios de Matelândia e Três Barras do Paraná lideram os registros neste ano, com 12 casos cada. Em 2023, foram 51 propriedades notificadas na região; em 2022, 32; e em 2021, 21, mostrando tendência de aumento.

Vigilância e Contenção da Raiva

Diante do avanço da doença, a Adapar intensificou as ações de vigilância e controle nas áreas afetadas. A cada foco confirmado, é estabelecido um raio de 10 km ao redor da propriedade infectada para delimitação do chamado “perifoco”, onde são mapeadas propriedades com animais suscetíveis e abrigos de morcegos hematófagos cadastrados. O trabalho é realizado com apoio de sistemas de geoprocessamento.

Dentro dessa área, a Adapar desenvolve a chamada “vigilância ativa”, que inclui a busca por novos casos suspeitos e a coleta de amostras do sistema nervoso central de animais mortos para diagnóstico. Produtores também são orientados quanto à vacinação dos rebanhos e ao uso de pasta vampiricida em casos de ataques de morcegos.

A agência ainda revisa abrigos conhecidos desses morcegos, realizando capturas estratégicas para controle populacional. Também são promovidas ações de educação sanitária com o objetivo de conscientizar produtores e moradores sobre os riscos da doença e as formas de prevenção.

Nos casos em que pessoas tiveram contato com animais infectados, a Adapar notifica e encaminha os casos ao sistema de saúde humana local para adoção das medidas médicas adequadas.

A Importância da Prevenção e Saúde Humana

O Departamento de Saúde Animal da Adapar reforça a importância da vacinação preventiva de rebanhos e animais de companhia. A raiva é letal, pode acometer todos os mamíferos, inclusive humanos, e é transmitida principalmente por meio da saliva de animais infectados — sendo o morcego hematófago o principal vetor da doença entre herbívoros.

Entre os sintomas mais comuns nos animais estão salivação excessiva, isolamento, falta de coordenação motora, paralisia dos membros traseiros e movimentos involuntários. A morte geralmente ocorre entre três e sete dias após o início dos sintomas.

O que fazer em caso de contaminação humana?

No caso de agressões por qualquer mamífero, é fundamental lavar o ferimento com água e sabão e procurar imediatamente uma unidade de saúde humana para avaliação e início do tratamento, se necessário. O esquema vacinal deve ser seguido corretamente.

É importante também evitar o contato com morcegos, vivos ou mortos. Quando encontrados caídos, voando durante o dia ou em locais inusitados, o mais provável é que estejam doentes. Nestes casos, recomenda-se isolar o animal com um balde e acionar a Secretaria Municipal de Saúde.

Todas as espécies de morcegos podem transmitir o vírus da raiva — não apenas os hematófagos. Por isso, a vacinação anual contra raiva é essencial para cães e gatos, inclusive os que vivem em ambientes fechados ou não saem às ruas.