Cascavel e Paraná - Os produtores rurais do Paraná concluíram nesta semana o plantio da safra de trigo 2025, cobrindo uma área estimada em 833,4 mil hectares. O número, divulgado no boletim semanal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, representa uma redução expressiva de 27% em relação à safra passada, quando o cultivo ocupou 1,13 milhão de hectares.
A queda na área cultivada vem acompanhada de preocupações com os efeitos adversos do clima. Segundo o analista do Deral Carlos Hugo Godinho, o desenvolvimento das lavouras vinha sendo considerado excelente até o fim de junho. Porém, as geadas registradas por volta do dia 25 daquele mês atingiram áreas em fase reprodutiva, especialmente na região Norte do estado, comprometendo parte da produção. “Até então, as condições estavam excelentes. Mas as geadas pegaram lavouras em estágio sensível ao frio, o que pode afetar a produtividade”, explica Godinho.
O impacto exato das baixas temperaturas será detalhado na próxima estimativa de produção do Deral, prevista para o dia 31 de julho. A expectativa inicial era colher aproximadamente 2,7 milhões de toneladas de trigo, número que pode ser revisto para baixo. No ciclo anterior, a produção foi de 2,3 milhões de toneladas, enquanto em 2022/23 o volume colhido chegou a 3,6 milhões de toneladas, um recorde para o estado.
Falta de chuvas também preocupa
Além das geadas, a falta de chuvas também já começa a preocupar os produtores. Segundo Godinho, a condição das lavouras sofreu deterioração visível nas últimas semanas. Atualmente, 82% das áreas são classificadas como em boas condições, 11% como médias e 7% como ruins. Antes do frio intenso, 99% das lavouras estavam em condição boa e apenas 1% em condição média.
“Há muitos dias sem chuvas em boa parte dos municípios paranaenses, e as previsões de precipitação para os próximos dias são acompanhadas com bastante expectativa pelos agricultores”, ressalta o analista.
O Paraná é o principal produtor de trigo do Brasil e tem papel estratégico na redução da dependência nacional do cereal importado, especialmente da Argentina. Diante dos desafios climáticos, o desempenho da atual safra será fundamental para manter a estabilidade no abastecimento interno e nos preços do produto no mercado nacional.