RIO ? Um segundo vídeo do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos no Morro da Barão, na Praça Seca, entre os dias 21 e 22 de maio, foi divulgado neste domingo pelo programa ?Fantástico?, da TV Globo. As imagens mostram a jovem sendo abusada e tentando reagir. O vídeo foi encontrado por policiais no celular de Raí de Souza, de 22 anos, que está preso preventivamente, acusado de ser um dos autores do crime. Raí havia dito em depoimento que jogara o celular fora por medo de se comprometer, mas a delegada Cristiana Bento, titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), suspeitou da versão e, com mandados de busca para endereços que o suspeito frequentava, conseguiu localizar o aparelho.
Segundo o ?Fantástico?, no celular também há áudios revelando que traficantes obrigaram parte dos moradores a fazer um protesto na segunda-feira passada, negando ter havido o estupro coletivo. Em outra gravação, criminosos conversam após a enorme repercussão do estupro coletivo e falam em matar a vítima.

Para investigadores do caso, o celular pode conter fotos que ajudem a identificar Jefinho, que se encontra foragido.
Ontem, policiais militares, durante operação em comunidades da Praça Seca, prenderam o traficante Adriano Coutinho Rodrigues, de 33 anos, suspeito de chefiar a venda de drogas na Covanca. Ele tem duas passagens pela polícia.
DOIS ATAQUES
De acordo com a polícia, a adolescente teria sofrido dois estupros coletivos, em momentos distintos e praticados por grupos diferentes. Na manhã de sábado, ela teria sido deixada sozinha em uma casa na parte baixa do morro, depois de ter relações com Raí. Na noite anterior, ele estivera com ela, e o jogador de futebol Lucas Perdomo com outra jovem, no mesmo local. Descoberta por traficantes no dia seguinte, a jovem, que estava inconsciente, provavelmente devido ao uso de drogas, foi levada para a parte alta da favela, onde fica uma casa conhecida como ?abatedouro?, que funciona como motel do tráfico, perto da boca de fumo. Ali, cerca de nove traficantes a estupraram.
Em seu depoimento à polícia, a jovem disse que acordou em um local desconhecido. Ela reconheceu o traficante Moisés Camilo de Lucena como a pessoa que a segurava no momento em que despertou, cercada por vários homens armados. Na noite de domingo, a adolescente, ainda desacordada no local, foi novamente encontrada por Raí, que, segundo a polícia, juntamente com Jefinho e Raphael Assis Duarte Belo, manipularam seu corpo para gravar o vídeo.
Ainda esta semana, os investigadores esperam conseguir identificar os outros traficantes que que teriam participado do estupro coletivo. Até agora, sete envolvidos foram identificados e dois deles estão presos (Raí e Raphael).