Cotidiano

Brexit assume vantagem nas pesquisas e provoca queda da libra esterlina

LONDRES ? Os britânicos partidários da saída da União Europeia (UE) aparecem na liderança das pesquisas pela primeira vez em um mês. A mudança vem como reviravolta para as expectativas sobre o referendo que decidirá sobre a permanência do país no bloco europeu no próximo dia 23 de junho, após semanas de vantagem dos anti-Brexit. Em consequência, a cotação da libra esterlina entrou em queda nesta segunda-feira.

De acordo com a média das pesquisas, elaborada pelo instituto de opinião What UK Thinks, os partidários da saída do bloco, mais conhecida como Brexit (abreviação de British Exit, que significa ?Saída Britânica? em ingl|ês) lideram por 51% a 49%. Os votos dos indecisos, que segundo a maioria das pesquisas superam 10%, não foram levados em consideração

Há apenas duas semanas, a vantagem da permanência na UE era de 55% a 45%. Uma das pesquisas incluída no estudo mostra os partidários da saída com 45% das intenções de voto, contra 41% dos partidários da permanência e 11% de indecisos.

O avanço dos partidários do Brexit coincide com o protagonismo da imigração na campanha eleitoral, uma consequência do forte aumento do fluxo migratório no país. Logo após a divulgação das pesquisas, a libra passou a operar em queda: a US$ 1,4353 o menor nível em três semanas, e a 78,61 pence por euro.

? As pesquisas continuam sendo um motor da moeda, que este mês enfrenta um elevado nível de incerteza ? afirmou a analista Ana Thaker, da PhillipCapital UK, que prevê flutuações ainda mais acentuadas com a aproximação do referendo.

CAMPANHA INTENSA

Nos últimos dias, a campanha para o referendo adquiriu um tom mais violento. O ex-primeiro-ministro britânico John Major criticou os conservadores que pedem a saída da UE ? o que se apresenta como um desafio ao atual premier David Cameron, que defende a permanência britânica no bloco. Dentre eles, incluem-se o ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, e o atual ministro da Justiça, Michael Gove.

? É uma campanha desonesta. Estou irritado com o modo como estão enganando os britânicos ? afirmou Major à BBC.

Os líderes dos dez principais sindicatos britânicos pediram aos seus 6 milhões de membros que votem a favor da permanência do país na UE. Em uma carta publicada no jornal ?The Guardian?, os líderes consideraram que os benefícios sociais e culturais de permanecer no bloco superam as vantagens de sair.

Os signatários dizem que a cooperação entre os sindicatos europeus permitiu a inclusão na legislação europeia de direitos valiosos para os trabalhadores. Dentre eles, estão a licença maternidade e paternidade; a igualdade de tratamento aos trabalhadores de tempo integral, parcial e terceirizados; e o direito a férias remuneradas.

?Se o Reino Unido sair da UE, não temos dúvidas de que tais proteções sofreriam uma grande ameaça?, afirmaram os sindicatos. “A decisão que os britânicos são chamados a tomar em 23 de junho não deve ser tomada de ânimo leve, e pedimos a nossos membros que votem a favor da permanência”.