Cotidiano

Argentina limita entrada de capitais externos de curto prazo

BUENOS AIRES – A Argentina busca conter uma onda de investimento estrangeiro especulativo de curto prazo, atraída por altas taxas de rentabilidade e pelas reformas implementadas pelo presidente Mauricio Macri.

O Banco Central argentino está restringindo as compras, por parte de estrangeiros, dos bônus Lebac, que são usadas pela autoridade monetária do país para absorver pesos do mercado e controlar uma das taxas de inflação mais altas da América Latina.

Esta decisão, junto com a redução das taxas de juros em 3,75 pontos percentuais, mostra a magnitude da mudança de atitude dos investidores em relação à Argentina, a partir da posse de Macri em dezembro de 2015.

Pouco tempo depois de assumir, o presidente conseguiu fechar um acordo com os detentores de títulos da dívida do país relativos ao calote de 2002, eliminou os controles de capitais e acabou com as restrições cambiais.

O banco de investimentos Nomura estima a entrada de capital estrangeiro na Argentina em US$ 400 milhões nos quatro primeiros meses do ano, impulsionando o peso a sua maior cotação em quatro meses e levando o BC do país a restringir as compras do Lebac.

Agora, a autoridade monetária decide, antes de cada venda semanal dos papéis, quais vencimentos do Lebac serão abertos a investidores estrangeiros e quais ficaram restritas aos investidores locais.

Nas três últimas vendas do bônus, o BC argentino restringiu as compras externas e baixou as taxas de juros de 38% para 34,25%.

— Foi a decisão correta — avaliou Rodolfo Rossi, ex-presidente da autoridade monetária.

ALTA DO PESO PREOCUPA

O governo de Macri marcou o fim de mais uma década de políticas intervencionistas do kirchnerismo e levou o país de volta aos mercados internacionais de capital após conseguir um acordo com os credores que não aceitaram as reestruturações da dívida do país.

Depois deste acordo, algumas empresas e províncias argentinas conseguiram emitir, com êxito, bilhões de dólares em títulos.

Os investidores foram seduzidos pelos rendimentos atrativos de 38% que o BC argentino começou a oferecer com o bônus Lebac em abril para ajudar a conter a inflação e frear a desvalorização da moeda do país.

Contudo, desde então, o peso se fortaleceu pelo aumento da demanda da moeda local originada pela colheita anual de soja e pela emissão de dívida.

Agora o governo está preocupado que a valorização do peso possa prejudicar os exportadores. Por outro lado, o BC do país está atento ao aumento dos investimentos estrangeiros levando a uma alta muito rápida do peso de dos preços dos ativos.