BRASÍLIA – A presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que o povo brasileiro está cada vez mais apoiando sua volta à Presidência. Em ato no Alvorada com cerca de 50 historiadores contra o “golpe”, Dilma também afirmou que a principal briga para voltar ao Planalto não será no Senado, que deve definir seu impeachment em agosto, mas em “corações e mentes”.
? Eu queria dizer que, numa situação muito adversa que é essa do impeachment, uma coisa enche, eu acho, de alegria todos os nossos corações. A imensa solidariedade do povo brasileiro e a lucidez do povo brasileiro, que por sua conta está invertendo o jogo, por sua conta e risco. Ninguém foi lá dizer: “Muda o pensamento” ? disse Dilma em sua residência oficial.
Dilma Rousseff, que afirmou que o povo brasileiro está ficando mais “consciente”, falou em derrotar visões em “corações e mentes”. Ela declarou que seria ingênuo acreditar que a principal batalha seja derrotar o impeachment no Senado.
Voltando a atacar a gestão de Michel Temer, Dilma disse que está sendo vítima em várias frentes: perdendo o direito a se defender, se locomover, e até citou a demissão do garçom que lhe atendia no Planalto, José Catalão. Na última sexta-feira, um parecer da Casa Civil limitou viagens e assessores de Dilma.
Associando o impeachment ao golpe militar, ela criticou a política externa “paleolítica” do governo interino, dizendo que o Brasil “fala grosso com Bolívia, mas fala fino com os Estados Unidos”, e que as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado demonstram que a razão de seu impeachment é frear investigações.
O ato no Alvorada “em defesa da democracia” lembra as últimas semanas em que Dilma ficou no Planalto. Vários eventos em defesa de seu mandato eram organizados quase que diariamente – com beneficiários de programas sociais, movimentos sociais, artistas, intelectuais e juristas.
Dilma brincou ao comentar que os palácios do Alvorada e do Jaburu – residência oficial do vice-presidente e, portanto, de Temer – ficam perto um do outro.
? É na mesma rua! Vocês passaram ali. Na mesma rua, gente! ? riu.
A presidente afastada também fez troça do fato de que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) não usa mais o termo “presidenta”, como faziam blogs governistas.
? É, está proibido falar presidenta ? ironizou, sorrindo, após um historiador dizer que gosta da palavra.