Cotidiano

Além do Elevado do Joá, outras obras apresentaram problemas logo após inauguração

RIO – Os buracos no asfalto do Elevado do Joá dez dias após inauguração, queda de ciclovia que estava em uso há três meses, bonde que para sem energia no segundo dia de circulação com passageiros e pista do BRT Transoeste cheia de crateras um ano após ser aberta. Seja por falha em projeto, falta de fiscalização ou manutenção precária, não tem sido raro que obras públicas do Rio apresentem problemas. Um dos casos mais graves ocorreu dia 21 de abril, quando parte da Ciclovia Tim Maia desabou, na Avenida Niemeyer, matando duas pessoas. De acordo com perícia do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), nenhum dos envolvidos na construção levou em conta a possibilidade de ondas atingirem verticalmente a estrutura, inaugurada em janeiro. Segundo o órgão, a Geo-Rio não tinha experiência técnica para licitar e fiscalizar a obra.

Na segunda-feira, primeiro dia útil de operação, o VLT parou, devido a uma falha no sistema de energia. Passageiros foram obrigados a descer . O serviço foi retomado 20 minutos depois, segundo a prefeitura, que apura as causas do problema.

Em 2013, um ano após a inauguração, a pista do BRT Transoeste apresentou crateras em vários pontos, obrigando os motoristas dos ônibus articulados a reduzir a velocidade. Na ocasião, o próprio presidente da Sanerio, empresa responsável pela execução do trecho, disse que uma obra ao lado do corredor expresso estaria causando infiltração, e os remendos eram só um paliativo.

‘O MAIS PROVÁVEL É ERRO NA EXECUÇÃO’

Diretora técnica da Associação Brasileira de Pavimentação aponta possíveis falhas no Joá.

Em tese, quais as possíveis causas dos buracos no asfalto do novo Elevado do Joá?

O mais provável é que tenha havido algum erro na execução da obra, que deveria ter sido detectado pela fiscalização ainda durante a execução. A falha pode ter ocorrido em vários momentos. A composição da massa asfáltica pode não ter sido projetada para receber o volume de trânsito do Joá. O asfalto também pode não ter sido bem compactado. Ou foi assentado em condições inadequadas de temperatura ou de condições do tempo. Na Avenida Brasil, por exemplo, volta e meia observo operários assentando asfalto em dias chuvosos. É uma falha.

A prefeitura alega que infiltrações na pista ou contaminação do solo pelo óleo das máquinas usadas na colocação do asfalto podem ter provocado os buracos. Isso é possível?

Caso o problema tenha sido provocado por infiltração de água, isso prova que o asfalto não tem a qualidade adequada. E demonstraria ainda que houve falhas da fiscalização do acompanhamento das obras. Os materiais empregados devem ser testados em ensaios de laboratório para atestar a qualidade. Em relação ao vazamento de óleo das máquinas, a hipótese é plausível, porque dificilmente seria perceptível antes dos buracos se formarem. Mas acho difícil nesse caso, devido à quantidade de buracos que apareceu nas novas pistas do Joá em trecho tão pequeno.