ENGANO

Erro em hospital faz 11 bebês receberem antídoto de cobra em vez de vacina

Foto: Divulgação, Instituto Butantan
Foto: Divulgação, Instituto Butantan

Brasil - Um erro na aplicação de medicamentos fez com que 11 bebês recém-nascidos recebessem, por engano, soro contra picada de cobra no lugar da vacina contra hepatite B, na última sexta-feira (11), em Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina.

A falha aconteceu na maternidade do Hospital Santa Cruz de Canoinhas, uma unidade de saúde privada do município. Em vez da vacina, os recém-nascidos receberam imunoglobulina heteróloga, um soro antibotrópico usado no tratamento de pessoas picadas por serpentes como jararacas e jaracuçus.

Apesar do engano, de acordo com a direção do hospital, nenhum bebê apresentou reações adversas ou complicações graves. Todos seguem estáveis, sendo monitorados por uma equipe médica e acompanhados pelas famílias.

Cada bebê recebeu uma dose de 0,5 ml do antídoto. Para comparação, uma pessoa que sofre uma picada de cobra costuma receber cerca de 30 ml (três ampolas) da substância.

A Secretaria Municipal de Saúde de Canoinhas foi informada do caso na segunda-feira (14), pela Regional de Saúde de Mafra. Em nota, a prefeitura afirmou que a responsabilidade pela aplicação dos medicamentos é do hospital, já que o erro ocorreu dentro da unidade.

Todas as famílias foram comunicadas, e os recém-nascidos estão sendo acompanhados pela equipe da Vigilância Epidemiológica de Canoinhas. A prefeita da cidade, Juliana Maciel, determinou a abertura de uma auditoria externa para apurar o caso. Segundo ela, o município repassa cerca de R$ 1 milhão por mês ao hospital para custear atendimentos via SUS.

Além da auditoria independente, o Hospital Santa Cruz também instaurou uma sindicância interna. A diretora da unidade, Karin Adur, informou que as equipes estão emocionalmente abaladas e que todas as medidas estão sendo tomadas para esclarecer o erro.

Confira um trecho da nota oficial do hospital:

“O Hospital Santa Cruz de Canoinhas informa que identificou, no dia 11 de julho de 2025, uma ocorrência envolvendo a administração de medicamentos em sua unidade de maternidade, a qual está sendo devidamente apurada por meio de sindicância interna. Desde o primeiro momento, o Hospital adotou todas as medidas de assistência e acolhimento às famílias e aos recém-nascidos envolvidos, que vêm e serão monitorados de forma contínua por nossa equipe multidisciplinar. Reforçamos que nenhuma reação adversa foi identificada nos recém-nascidos, os quais não estão internados, permanecem estáveis e sob acompanhamento. O Hospital reafirma seu compromisso com a transparência, ética profissional e, sobretudo, com a segurança de seus pacientes e da comunidade, adotando todas as providências cabíveis para o total esclarecimento do ocorrido.”

Sobre o soro antibotrópico

De acordo com o Instituto Butantan, o soro antibotrópico é utilizado em casos de pacientes picados por serpentes do gênero Bothrops — como jararaca, jararacuçu, urutu e caiçaca — ou do gênero Crotalus, como cascavel, quando não há como identificar a espécie exata.

As reações adversas podem surgir até 24 horas após a aplicação, e geralmente são leves. Os sintomas incluem coceira, manchas vermelhas na pele, vermelhidão no rosto, congestão nasal, chiado no peito, tosse seca, náuseas, vômitos, cólicas e diarreia.

Casos graves, como choque anafilático, são raros e ocorrem em apenas 0,01% a 0,1% dos pacientes.

As informações são do NSC Total