RIO ? Quando subir ao ringue nesta quarta-feira, às 18h45, para enfrentar o haitiano Richardson Hitchins, no Riocentro, o americano Gary Russell, aos 20 anos, tentará, enfim, escrever o nome da família no hall dos medalhistas olímpicos. Isso porque nos Jogos de Pequim, em 2008, um de seus três irmãos boxeadores, Gary Russell Jr., sofreu um colapso no dia da cerimônia de abertura e ficou de fora da disputa. Há quatro anos, mais dois filhos de Gary Russell Sr., Gary Allan e Gary Antonio, fracassaram na busca pela tão sonhada vaga nos Jogos.
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Em entrevista ao GLOBO, o caçula da família diz que não vê a hora de homenagear o irmão mais velho (hoje campeão mundial), com um pódio na Rio-2016:
? Vai ser uma redenção para ele, se eu ganhar. Quero muito conquistar esse ouro. Quando me profissionalizei, esse era o meu sonho. Aliás, todo atleta sonha em ganhar uma medalha olímpica ? conta o número 2 do mundo na categoria até 64 kg (meio-médio), que garantiu a vaga olímpica no Azerbaijão, neste ano, ao derrotar o jordaniano Obada Al-Kasbeh.
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Homenagem ao irmão à parte, se o alto do pódio vier, o caçula da família Russel vai dedicá-lo à lenda do boxe mundial Muhammad Ali, falecido em junho:
? Ele é a inspiração para todos nós (da equipe americana de boxe). Acredito que ele condicionou muitos de nós a sermos grandes atletas. Queremos seguir seus passos, porque ele foi uma grande pessoa. Eu dedicaria a ele esta medalha de ouro.
Inspirado no bicampeão mundial e medalhista de ouro em 1968, George Foreman, que batizou todos seus cinco filhos com seu primeiro nome, o pai de Gary, Gary Russell Sr., fez o mesmo.
Numa recente entrevista ao “The Guardian”, o patriarca diz que o caçula tem a chance de escrever, enfim, o nome da família na história. Mas Antuanne, apelido dado para o distinguir dos outros irmãos, não se sente pressionado. Muito pelo contrário, tem confiança de sobra:
? São os Jogos Olímpicos, minha expectativa é muito grande, sei que os outros lutadores vão se esforçar para me ganhar, tal como eu farei. Mas será uma luta comigo mesmo. Honestamente, acredito que sou o melhor aqui ? acredita o lutador, que começou na modalidade aos cinco anos.
Duas vezes por dia, o caçula treina com o pai e os irmãos na academia da família em Washington: Enigma.
? Pratico este esporte porque eu gosto, mas conheço seus benefícios. O boxe me ensinou muito, moldou meu caráter. E hoje sou um atleta olímpico e posso representar minha família ? conta Antuanne.
FELIZ NO RIO
Além do sonhado ouro, o lutador tem outros planos em sua primeira visita à capital fluminense:
? Eu amo o Rio, sempre foi meu sonho conhecer essa cidade. Ironicamente, a Olimpíada é aqui, então é uma situação maravilhosa. Quero muito visitar Corcovado.
Em 2014, Gary Russell seguiu os passos dos outros três irmãos boxeadores e venceu o Golden Gloves (Luvas de Ouro), um campeonato nacional, disputado nos EUA. Foi a primeira vez que quatro atletas da mesma família venceram a competição. Resta saber se, na Rio-2016, Antuanne vai, enfim, escrever o nome da família entre os heróis olímpicos.
E se cumprir a promessa de vencer o ouro, também quebrará uma escrita de 16 anos para o boxe americano na categoria até 64 kg. O último a subir ao degrau mais alto do pódio olímpico foi Ricardo Williams, em Sydney.