BRASÍLIA – O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a transferência de Marcos Valério, operador do mensalão, para uma unidade prisional de Lagoa da Prata (MG), a 200 km de Belo Horizonte. Condenado a 37 anos e cinco meses de prisão, ele se encontra atualmente preso no presídio Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana da capital mineira. Na semana passada, a defesa fez um novo pedido, dessa vez para ser transferido para a cidade de Santa Luzia, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesse caso, ainda hão houve decisão.
O pedido de transferência para Lagoa da Prata foi feito em fevereiro deste ano. Na época Valério apontou um endereço que seria de sua mãe e de sua companheira. Mas o juiz de Lagoa da Prata, Aloysio Libano de Paula Junior, foi ao local e conversou com o proprietário, que negou que elas morassem lá. Por isso o pedido foi negado.
Posteriormente a defesa esclareceu que o proprietário tinha um contrato de locação segundo o qual deveria guardar sigilo sobre as inquilinas. A explicação foi aceita pelo juiz Wagner de Oliveira Cavalieri, de Contagem. Até mesmo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em documento de 15 de dezembro, foi favorável à transferência para Lagoa da Prata.
Agora, porém, a defesa de Valério solicita a transferência para uma unidade em Santa Luzia. No novo pedido, feito em 14 de dezembro, a defesa alega que o acordo de delação premiada em negociação com o Ministério Público Federal (MPF) está sob risco caso Valério continue detido no presídio Nelson Hungria. Diz ainda que os agentes penitenciários folheiam os documentos que estão sendo escritos por Valério e que deveriam ser sigilosos, levando ao risco de vazamentos.
Argumenta ainda que a segurança dele no local está comprometida, uma vez que há no presídio detentos que são do convívio de pessoas que serão delatadas. Os 78 anexos da delação já escritos até o momento incriminam políticos e empresários de destaque. Por fim, diz que a entrada do presídio Nelson Hungria fica a um quilômetro do pavilhão onde ele está preso, o que dificulta as visitas de sua mãe de 80 anos.
Valério ? que foi operador do mensalão, um esquema de desvio de dinheiro público e compra de apoio parlamentar durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula ? também depôs em setembro deste ano nas investigações da Operação Lava-Jato, que apura principalmente corrupção em contratos da Petrobras. Ele pegou a maior pena imposta aos réus do mensalão, começando a cumpri-la em novembro de 2013.