Rio de Janeiro – Na contramão do comércio varejista, postos de combustíveis dos grandes centros urbanos ainda amargam os prejuízos da pandemia de covid-19 em seus caixas. As evidências estão nos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e são confirmadas por pequenos empresários desse segmento da economia, que relatam, inclusive, um movimento de aquisições de postos menores por grandes redes, mais resistentes à crise.
Isolados em casa, motoristas das capitais, principalmente, estão consumindo menos combustíveis, o que afeta o desempenho dos postos.
Pelas contas da Fecombustíveis, representante de donos de postos de todo o País, o movimento caiu 70% de abril a junho, sobretudo em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, e hoje ainda está 15% abaixo do período pré-pandemia. Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) demonstram que as vendas mais afetadas foram as de etanol e gasolina.
Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE, em setembro (último mês divulgado), o varejo de combustíveis e lubrificantes foi um dos itens com maior impacto negativo para o resultado do comércio. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o segmento caiu 5,1%, enquanto a média do varejo avançou 7,3%. Em todo o ano, acumula queda de 11%. Além disso, os números do varejo de combustíveis estão 27,7% piores que no pico alcançado em fevereiro de 2014.
“Veio a pandemia, o varejo de combustíveis ficou enquadrado como serviço essencial, como supermercados e farmácias. Os postos permaneceram abertos, mas não havia consumidor”, apontou o economista Fabio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
O presidente da Fecombustíveis, Roberto Miranda, conta que, no aperto, muitos empresários optaram por se desfazer do negócio, o que tem gerado uma concentração de mercado, segundo ele. “Até por um princípio econômico, quem não tem escala enfrenta mais dificuldade na crise”.
Segunda onda
Segundo Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), os serviços de transportes como um todo ficaram “muito limitados” num primeiro momento da pandemia, mas já conseguem se recuperar.
“Hoje, a maior preocupação é com o controle da pandemia, o medo de uma nova onda. Isso acaba afetando um pouco a expectativa dele [empresário] para os próximos meses, apesar de não ser algo tão forte ainda, mas há sempre uma cautela”, relatou Tobler.