Às vésperas da sessão que pode lhe tirar o mandato, o vereador Damasceno Júnior (PSDC) esteve na sessão ordinária de ontem. Com uma tranquilidade incomum para quem está com o cargo a prêmio – a Comissão de Ética quer sua cassação -, ele chegou a ligar o microfone na tribuna três vezes, como se estivesse pronto para falar algo. Mas ficou quieto nessa que pode ser a última do seu mandato. É que amanhã os vereadores estarão reunidos em sessão extraordinária, às 9h, para votar a favor ou contra a cassação.
Entre sorrisos e até gargalhadas conversava com os demais vereadores e respondia a mensagens do celular.
Encerrada a curta sessão, Damasceno ensaiou uma saída pelo plenarinho. No entanto, voltou ao plenário com passos acelerados e saiu pela porta lateral – pouco usada. Do lado de fora, um carro vermelho já esperava o parlamentar.
Por coincidência (ou não), pouco antes do fim da sessão uma viatura do Pelotão de Choque da Polícia Militar estacionou em frente à Câmara. Enquanto um dos policiais permanecia armado do lado de fora com cara de poucos amigos, outros dois foram até o plenário. Foi a deixa para Damasceno “vazar” do plenário. Por coincidência (ou não), a viatura também saiu em seguida.
Os servidores da Casa de Leis garantiram que tal ação policial é incomum – na verdade, nunca vista – e foi aventada até a suposta prisão de Damasceno. Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou que se tratava apenas de “patrulhamento”.
Além de reforçar o esquema de segurança, com o acionamento do detector de metais na porta principal da Câmara, o presidente Alécio Espínola (PSC) autorizou a instalação de um telão do lado de fora – no saguão de entrada – para que a população possa acompanhar a sessão desta quinta-feira. Espínola sugeriu também que cada um dos 21 vereadores mantenha apenas um assessor no plenário, precaução tomada devido ao espaço insuficiente para comportar o público que deve comparecer. Tal pedido teve críticas do vereador Josué de Souza (PTC). “Pediram cedo que assessor eu daria o nome para entrar no plenário. Não passei nem vou passar. Todos que quiserem devem entrar, pois é um direito de todos. Os assessores são cidadãos e podem entrar no plenário quando quiserem”.
Também se pronunciou contra o pedido o vereador Jorge Bocasanta (Pros): “É um absurdo. Quem quiser assistir, que venha cedo”.
Reportagem e foto: Josimar Bagatoli