Economia

País precisa subir oferta de energia em 8% para evitar apagão, diz ONS

Sem um incremento na oferta de energia, o ONS aponta que o País deve chegar ao fim do período seco (em outubro) com "recursos insuficientes para atendimento ao mercado de energia"

País precisa subir oferta de energia em 8% para evitar apagão, diz ONS

Brasília – Nota técnica emitida pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) alerta para a necessidade de aumento na oferta de energia para assegurar o abastecimento no País a partir de setembro. A geração adicional é classificada como “imprescindível” pelo ONS e precisaria ser de no mínimo 5,5 gigawatts médios (GWmed) até novembro para afastar o risco de apagão em meio à crise hídrica.

Na nota divulgada na quarta-feira (25), o ONS atualiza informações sobre as condições de atendimento do SIN (Sistema Interligado Nacional) após ser observada uma afluência (ou chegada de água aos reservatórios) menor do que a prevista anteriormente, principalmente na Região Sul. Segundo o Operador Nacional, como as chuvas não se confirmaram, o volume de água observado em 2021 foi inferior àquele verificado em 2020 (e que fora utilizado como parâmetro para os cálculos iniciais sobre o abastecimento).

Isso significa ainda menos água do que o esperado nos reservatórios e traz à tona a necessidade de mais medidas para o atendimento da demanda. Sem um incremento na oferta de energia, o ONS aponta que o País deve chegar ao fim do período seco (em outubro) com “recursos insuficientes para atendimento ao mercado de energia”, mesmo com o despacho térmico pleno e a adoção do critério menos rígidos para a transferência de energia do Norte/Nordeste para o Sudeste/Centro-Oeste.

Na prática, o País precisaria crescer sua oferta de energia em 8,1% para alcançar o adicional indicado com base nos dados da geração média em 2021, que foi de 67,5 GW até agosto (composta pela soma do total produzido independente da fonte: hidrelétrica, térmica, eólica e solar).

Esse incremento pode vir de geração extra e de novas medida de governança, mas também da redução do consumo, a partir de medidas de economia para frear a demanda.

De olho em viabilizar o atendimento e evitar um apagão, o ONS fez uma série de recomendações, que vão desde o adiamento de manutenções programadas em usinas e a importação de mais energia vinda da Argentina e do Uruguai, até a resolução de questões judiciais que atualmente impedem a disponibilidade de combustíveis para térmicas com pendências junto às autoridades.

Além de ações na ponta da oferta, o operador indica, ainda, a necessidade de avanços para colocar em funcionamento o programa de RVD (Resposta Voluntária da Demanda), voltado a grandes consumidores, e ações de incentivo para que a população reduza de forma voluntária o seu consumo.

Taxa extra na conta de luz vai subir

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem que a taxa extra deverá ser novamente aumentada por causa da crise hídrica. “Não adianta ficar sentado chorando”, disse, em audiência pública no Senado.

Novos cálculos internos do governo apontam para a necessidade de que a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), seja elevada para algo entre R$ 15 e R$ 20. Há ainda um cenário limite de até R$ 25, mas é improvável que ele seja adotado.

“Temos de enfrentar a crise de frente. Vamos ter de subir a bandeira, a bandeira vai subir. Vou pedir aos governadores para não subir automaticamente [o ICMS, imposto estadual, cobrado no valor total da conta de luz], eles acabam faturando em cima da crise. Isso não é interessante. Temos de enfrentar, não adianta ficar sentado chorando”, declarou Guedes.

Em outro evento, à tarde, Guedes revelou que sugeriu “moderação” no aumento de preço das bandeiras tarifárias cobradas nas contas de luz. “É melhor subir bandeira pouco por mais tempo, do que muito por três meses”, disse, em participação no evento da XP. Quem decide o novo patamar é a Anatel (Agência Nacional de Energia Elétrica).