Agronegócio

Oeste caminha para a melhor safrinha de milho da história

A expectativa de produção na região é de mais de 5 milhões de toneladas

Safrinha começa a ser colhida em poucos dias com promessa de produção recorde na região - Foto:Aílton Santos
Safrinha começa a ser colhida em poucos dias com promessa de produção recorde na região - Foto:Aílton Santos

Toledo – Pode até parecer curioso, mas no campo tem produtor que em algumas áreas acabou de colher o milho da safra de verão e se prepara para iniciar a colheita da safrinha, que de diminutivo tem apenas o nome. O ciclo antecipado do cereal, provocado pela semeadura mais cedo depois que a soja teve um processo mais curto em decorrência das perdas provocadas pelos fatores climáticos, fará com que o oeste tenha a melhor segunda safra de milho da história.

A expectativa de produção nos 48 municípios atendidos pelos Núcleos Regionais da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Toledo e de Cascavel é de mais de 5 milhões de toneladas nos 759 mil hectares cultivados, colheita menos 20% maior que o registrada na safrinha de 2018, quando o cereal rendeu algo próximo das 4 milhões de toneladas. Desta vez, a safra bilionária pode ultrapassar os R$ 2,2 bilhões considerando o preço atual de mercado, de algo próximo a R$ 26 a saca do produto.

Segundo o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) em Toledo João Luiz Raimundo Nogueira, a supersafra do oeste está diretamente associada aos fatores climáticos favoráveis.

Vale lembrar que nos dois últimos ciclos (inverno 2018 e verão 2018/2019), o tempo não contribuiu, melhor, atrapalhou, provocando perdas bilionárias em praticamente toda a região. “Como o produtor plantou [esse milho] mais cedo, as temperaturas ainda estão elevadas, há bastante luminosidade, tem chovido com regularidade em toda a região. Tudo que o milho gosta para se desenvolver bem”, explica.

A intensificação da colheita ocorre em 15 ou 20 dias e neste momento as máquinas já encontradas no campo são de produtores que fazem a chamada silagem, para alimentação de animais. “O forte da colheita ocorre a partir do dia 8, 10 de maio… a partir daí se intensifica, mas também devemos lembrar que tivemos cultivos escalonados, então tem produtor que vai colher mais cedo, mas tem quem vá colher apenas em julho, começo de agosto”, segue o técnico.

A estimativa de produção no Núcleo de Toledo, onde estão 444 mil hectares cultivados com o cereal, é de 2,650 milhões de toneladas, mas os técnicos já refazem os cálculos com uma expectativa que possa passar de 2,9 milhões de toneladas.

No Núcleo de Cascavel, onde estão 314,6 mil hectares, a expectativa de produção de 1,9 milhão de toneladas, mas que também deverá ser superada.

Produtividade

Outro aspecto que chama a atenção é a produtividade média das lavouras. Geralmente, a safrinha registra média produtiva de 5,8 mil a 6 mil quilos por hectare, neste ano o clima favorável promete elevar para os 7 mil quilos com muitas lavouras que poderão alcançar produtividade média igual a do cultivo de verão, que gira em torno de 9,5 mil quilos por hectare. “Isso é extremamente importante, positivo, ameniza um pouco as perdas no campo nas safras passadas e reduz o impacto do custo de produção que foi maior para esse cultivo em decorrência do elevado preço do dólar e, como parte dos insumos é importada, o custo de produção foi bem maior para esse cultivo”, completa Nogueira.

“Outro ponto que se deve lembrar é que o milho da região deixou de ser uma produção doméstica e desde 2016 tem ganhado cada vez mais espaço nas exportações”, observa Nogueira.

Entre os principais compradores do oeste estão – além do mercado interno – China e países da América do Sul. “Quanto maior nossa produção, melhor, diante de uma demanda que só tem crescido”.

Conab prevê avanço de 4,3% na safra de grãos do PR

De acordo com o sétimo levantamento da safra de grãos, divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção total no Paraná deverá chegar a 36,5 milhões de toneladas. Isso representa um aumento de 4,3% em comparação à safra anterior, que foi de 35 milhões de toneladas. A área cultivada também mostrou elevação de 1,3%, passando de 9,56 milhões de hectares para 9,69 milhões de hectares plantados nesta safra.

Apesar da queda estimada em 14,6% na soja, devido a problemas climáticos nos locais de cultivo, o aumento geral da safra foi garantido pela produção de milho no Estado. “Houve elevação na produção e na área para o milho primeira e segunda safras. A produção chega este ano a 15,85 milhões toneladas, 33,7% a mais do que no ano passado [11,86 milhões de toneladas]”, explica o superintendente da Conab no Paraná, Erli de Pádua Ribeiro. “Já a área plantada está estimada em 2,58 milhões de hectares, 6,3% maior do que a anterior, que foi de 2,43 milhões de ha”.

De acordo com o boletim da Conab, a soja deve ter produção de 16,37 milhões de toneladas. O registro mostra queda acentuada em relação a 2018, que era de 19,17 milhões de toneladas. A área plantada também diminuiu 0,5% nesta safra, passando de 5,46 milhões ha para 5,44 milhões de ha.

Reportagem: Juliet Manfrin