Policial

Marcado para morrer por Beira-Mar e pelo PCC está em presídio de Cascavel

Cascavel – Ainda fragilizada após duas grandes rebeliões, a PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) segue sendo um barril de pólvora que nesta semana ganhou um estopim a mais. A chegada repentina – e ainda sem explicações – de um dos traficantes considerados mais perigosos da região da fronteira tem colocado todo o sistema prisional em alerta máximo. E com razão. Ele está na mira de morte de ninguém menos que Fernandino Beira Mar.

Ninguém sabe por que Carlos Cabral – conhecido como Líder Cabral – veio parar em Cascavel. Fato é que sua estada gera pavor dentro e fora da cadeia.

O homem nasceu no Paraguai e sucedeu João Morel, o grande chefão do tráfico morto em 2001. É tido hoje como um dos principais desafetos do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Comando Vermelho. Aliás, a morte de seu antecessor teria sido encomendada por Fernandinho Beira-Mar e muito sangue jorrou na década passada pelo domínio criminal envolvendo Cabral e seu bando.

Líder Cabral quase foi morto em uma emboscada há 16 anos. Na ocasião, viu o filho de três anos, a esposa e outras nove pessoas serem assassinadas num tiroteio em Capitan Bado, no Paraguai, onde morava.

Deu início então a um intenso e sangrento processo de vingança, que já tem mais de 20 mortes de seus rivais, e depois de quase dez anos sendo procurado pela polícia foi preso em 2010 em Planalto, no sudoeste do Paraná, onde costumava ser visto com frequência, pois morava em uma cidade argentina na fronteira com o Brasil.

Cabral responde por homicídios, tráfico de drogas e armas e está no sistema prisional há oito anos.

O que gera tensão entre os agentes é o fato de Carlos Cabral ser um desafeto antigo de facções criminosas que contam com um elevado número de presos nas prisões no Estado, como é o caso do PCC na PEC.

Cabral está na PEC há dez dias em uma cela chamada “seguro”, onde ficam acusados por estupro, por exemplo.

Segundo o apurado pela reportagem, o alerta máximo está mantido por forças de segurança devido ao temor de uma possível rebelião para que integrantes do PCC possam chegar até Cabral e terminar o que Beira Mar e até Marcola já tentaram e ainda não conseguiram.

Resgate

Outro temor extremo é a possibilidade de uma tentativa de resgate de Carlos Cabral. Situação que se agrava ante a fragilidade estrutural da PEC.

Aliás, resgates de presos viraram constantes no sistema prisional no Estado e preocupam as forças de segurança de todo o País. Em setembro, 29 detentos foram resgatados na Penitenciária Estadual de Piraquara em uma operação violenta e sangrenta, e, nesta semana, homens armados invadiram a cadeia em Realeza, no sudoeste, e resgataram 11 presos. Em ambos os casos as investigações apontam para possíveis envolvimentos de facções criminosas.

Bom comportamento

O Depen (Departamento Penitenciário do Paraná) informou, por meio de sua assessoria, que o “preso [Carlos Cabral] foi transferido para Cascavel com autorização do Cotransp (Comitê de Transferência de Presos Estadual), já que possui vínculo familiar na região. Já está há dez dias na PEC e nenhuma ocorrência foi registrada. O processo de transferência foi devidamente instruído e possuí autorização judicial”.

A reportagem questionou ainda se a presença de Cabral na PEC não oferece risco à integridade física de agentes, se não há a possibilidade de rebeliões ou tentativa de resgate, mas não houve resposta, alertando apenas para o “bom comportamento” do detento.