Educação

Enem: mais de 5 milhões farão provas neste domingo

O Enem é a principal porta para acessar o ensino superior dentro e fora do Brasil

Enem: mais de 5 milhões farão provas neste domingo

Chegou a hora! Quem se preparou se preparou, quem não se preparou relaxa porque não dá mais tempo. Mais de 5 milhões de estudantes de todo o País farão a primeira parte do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (3). A expectativa é grande porque hoje o Enem é a principal porta para acessar o ensino superior dentro e fora do Brasil. As oportunidades são muitas e uma das principais condições para participar dos processos seletivos é não tirar zero na redação.

Todas as universidades federais do País usam o Enem de alguma forma, seja como processo seletivo único, seja como uma das formas de admissão. Para ingressar em instituições públicas federais, estaduais e municipais, o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que ocorre duas vezes por ano, é uma das principais formas de acesso.

Na primeira edição deste ano foram ofertadas mais de 235 mil vagas distribuídas em 129 universidades públicas de todo o País. Na segunda edição, foram mais de 59 mil vagas em 76 instituições públicas de ensino.

Algumas instituições usam a nota do Enem em processos próprios. Em 2020, a UnB (Universidade de Brasília), por exemplo, deixará de usar o Sisu, mas os estudantes continuarão podendo usar o exame como forma de ingresso.

Instituições particulares também admitem estudantes com base na nota do Enem, seja por meio de programas do governo federal, seja por processos próprios. O ProUni (Programa Universidade para Todos) oferece bolsas de estudos nessas instituições. Neste ano, foram ofertadas, no primeiro semestre, cerca de 244 mil bolsas de estudo em 1,2 mil instituições particulares de ensino. No segundo semestre, o total de bolsas foi 169 mil, em 1,1 mil instituições em todo o País.

Também com base nas notas do Enem é possível concorrer a financiamentos pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). Neste ano, foram ofertadas 100 mil vagas na modalidade juro zero.

Fora do País, o Enem também pode ser usado para admissão em universidades. Em Portugal, por exemplo, o exame é aceito como forma de ingresso em 42 instituições de ensino.

Vantagens do Enem

O Enem, que era usado apenas para avaliar os estudantes do ensino médio, começou em 2009 a servir para o ingresso no ensino superior, ganhando uma roupagem de vestibular. A mudança trouxe vantagens, de acordo com especialistas. Não é mais necessário pagar várias taxas de vestibular e viajar o País para ter acesso a instituições de ensino superior.

“Antes, quando havia várias provas, elas eram muito diferentes. Até hoje faço gabarito das provas e digo, com toda certeza, que meus alunos do Rio de Janeiro, de antigamente, não tinham condições de enfrentar uma prova como a da UnB, por exemplo”, diz o coordenador pedagógico do ProEnem, plataforma online de preparação para o exame, Diego Viug. “Democratizou muito o acesso ao ensino superior”.

O Enem pode, no entanto, ser aprimorado, de acordo com Marcelo Lima, vice-presidente de relações institucionais da Quero Educação, plataforma que desenvolve soluções para ajudar escolas a captarem e a manterem os alunos. Uma das mudanças é a aplicação mais de uma vez por ano. “Se o aluno perde a data do Enem, não consegue mais fazer o exame no ano. Isso restringe o ingresso na faculdade”.

Ele defende ainda que outros elementos sejam considerados na seleção para o ensino superior. O ideal, segundo Marcelo Lima, seria o aluno fazer várias provas ao longo do ensino médio. Ele sugere também que se faça análise de nota e da vida estudantil, observar se participou de trabalhos voluntários e avaliar suas habilidades socioemocionais. O que define o critério para aprovação é ao longo do ensino médio e não uma única prova, sugere.

Mudanças: fim da prova de papel

Esta é a última edição do Enem inteiramente de papel. A partir do ano que vem, a prova começa a ser aplicada, ainda em versão teste, digitalmente. Até 2026 as provas deverão ser todas feitas pelo computador. Com isso, a intenção é que o exame seja aplicado mais de uma vez por ano.

O exame também deverá ser reformulado para atender ao novo ensino médio, que ainda está em fase de implementação. Pelo novo modelo, os estudantes terão uma formação comum, definida pela Base Nacional Comum Curricular, e poderão, no restante da formação, escolher uma especialização por itinerários formativos. Os itinerários são: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico.

A intenção é que, quando o modelo estiver em prática, o que deverá ocorrer em 2021, o Enem também se ajuste, passando a oferecer várias opções de prova para cada itinerário escolhido pelo estudante, além de avaliar a parte comum.

Veja como tirar nota mil na redação

Redações do Enem que tiraram a nota máxima têm pelo menos seis pontos em comum: demonstram domínio da modalidade escrita formal, respeitam os direitos humanos, têm proposta de intervenção para o problema apresentado no tema, têm repertório sociocultural, atendem ao tipo textual dissertativo-argumentativo e apresentam as características textuais fundamentais, como coesão e coerência.

Esses foram os aspectos destacados por especialistas do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) que comentaram sete redações que tiraram a nota mil no Enem 2018. O tema do ano passado foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.

As redações nota mil e os comentários dos especialistas estão na Cartilha do Participante, disponível no site do Inep. A prova de redação do Enem 2019 será aplicada neste domingo (3) para cerca de 5,1 milhões de candidatos inscritos no exame. Além da redação, eles farão as provas de ciências humanas e linguagens.

Algumas dicas, de acordo com a cartilha, são importantes para ir bem na prova. O Inep aconselha: “Procure escrever sua redação com letra legível, para evitar dúvidas no momento da avaliação. Redação com letra ilegível poderá não ser avaliada”.

Atenção ao que zera

A cartilha traz também exemplos de trechos que fizeram com que os participantes zerassem as competências analisadas pelos corretores. Cada uma das cinco competências vale 200 pontos.

Um dos quesitos é respeito aos direitos humanos. De acordo com o Inep, são consideradas desrespeito aos direitos humanos propostas que incitam as pessoas à violência, ou seja, aquelas em que transparece a ação de indivíduos na administração da punição – por exemplo, as que defendem a “justiça com as próprias mãos”.

No ano passado, zeraram essa competência os textos que incitavam tortura e cárcere privado a pessoas que faziam o uso do controle de dados para a manipulação, que promoviam censura e vigilância em massa, que impediam a liberdade de acesso à informação e comunicação de qualquer pessoa ou grupo e que negavam direitos humanos a qualquer pessoa.

A nota zero na redação impede o candidato de participar de processos seletivos do MEC (Ministério da Educação) como o Sisu e o ProUni, e ainda o Fies.

De acordo com o Inep, a redação receberá nota zero se apresentar uma das características a seguir: fuga total ao tema, não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa, texto de até sete linhas, cópia integral de textos da prova de redação ou do caderno de questões, impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação em qualquer parte da folha de redação, números ou sinais gráficos fora do texto e sem função clara ou parte deliberadamente desconectada do tema proposto.

As cinco competências avaliadas na redação do Enem são:

1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Veja os temas da redação de edições anteriores

Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional

Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana

Enem 2011: Viver em rede no século XXI: Os limites entre o público e o privado

Enem 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI

Enem 2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Enem 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil e Caminhos para combater o racismo no Brasil – Neste ano houve duas aplicações do exame.

Enem 2017: Desafios para formação educacional de surdos no Brasil

Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

Só 30% concluem ensino médio este ano

O Enem será realizado nos dias 3 e 10 de novembro, em 1.727 municípios. Cerca de 5,1 milhões de pessoas estão inscritas para o exame. Desse total, aproximadamente 1,5 milhão concluirão o ensino médio este ano. Os demais já deixaram a escola ou estão fazendo o exame como treineiros, apenas para testar os conhecimentos. A maior parcela dos candidatos, 26,7%, situa-se entre 21 e 30 anos.

Para ajudar a se preparar para o Enem, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) criou a plataforma Questões Enem, que pode ser acessada gratuitamente (http://questoesenem.ebc.com.br/). Nela, os estudantes fazem um cadastro e podem selecionar o que desejam estudar.

O site cria uma prova com questões reais do Enem, que foram aplicadas entre 2009 e 2018. Logo em seguida o candidato recebe um gabarito.

Já a Plataforma Atualidades Enem (http://www.ebc.com.br/educacao/2019/10/atualidades-enem-principais-assuntos) reúne a cobertura realizada pelos veículos da EBC sobre os principais fatos deste ano para ajudar os estudantes a se preparar para a prova e facilitar a busca por conteúdos atuais.