Agronegócio

Frimesa vai parar projeto bilionário conforme o resultado da eleição

Assis Chateaubriand – Primeiro foram dois anos de estruturação e maturação do projeto, iniciado em 2014. Em 2016 ele foi concluído e tinha como meta sair do papel a partir de 2018, mas os planos começaram a mudar diante das incertezas polícias e econômicas vividas pelo Brasil nos últimos anos.

Após ser totalmente estruturado em todas as fases, esse projeto teria um custo total de R$ 1,4 bilhão. E, depois de tudo isso, o maior projeto de infraestrutura em andamento no País para plantas industriais na cadeia do agronegócio pode ser interrompido. Segundo o diretor da Frimesa, Elias Zydek, o investimento pode ser engavetado sem data prevista para ser retomado.

Trata-se do novo frigorífico, que já deveria ter iniciado as edificações neste ano, mas que ainda segue em fase de fundação, no município de Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná.

O motivo pelo qual a direção da cooperativa entendeu que pode ser melhor colocar o pé no freio é a instabilidade política e a crise. O ponto crucial neste momento é o resultado das eleições presidenciais, que terão o primeiro turno no domingo próximo (7) e o segundo no dia 28.

Segundo Zydek, se for eleito um presidente “sem características reformistas, que não esteja voltado ao direito à propriedade, à desburocratização e as inseguranças jurídicas permaneçam”, o projeto vai parar e sem data prevista para ser retomado. “Por outro lado, se entrar um presidente reformista, que der segurança econômica, nós continuamos. Decidimos aguardar um pouco mais para erguer a obra e neste ano, que ela já deveria estar sendo edificada, resolvemos segurar justamente pelo processo eleitoral. Neste momento trabalhamos na parte inicial da fundação que não se perde caso a gente decida segurar o projeto por mais um tempo. Esses trabalhos seguem assim até dezembro”, ressaltou.

“A obra em si começaria em janeiro [de 2019] e nesta primeira fase serão investidos R$ 750 milhões, com início das operações dois anos depois”. reforça o diretor da cooperativa.

Em números

O frigorífico tem amplas proporções e será o maior em abate de suínos do Brasil. Em um primeiro momento, o cronograma indicava início das atividades nesta primeira estrutura em 2021, abateria inicialmente 7,5 mil cabeças de suínos por dia. Até a conclusão da sua segunda fase, com ampliação da planta prevista para ser concluída em 2027, esse número saltaria para 15 mil cabeças por dia.

Para se ter dimensão do tamanho desse projeto, 15 mil cabeças abatidas por dia é o que todo o oeste abate hoje. Equivale dizer que, sozinho, o frigorífico da Frimesa dobraria a demanda atual da região, exigindo, inclusive, que o plantel de suínos dobrasse nos próximos nove anos.

Somado a isso, a cadeia seria impactada ainda na geração de empregos formais diretos e indiretos. Na primeira fase do abatedouro ele empregaria 3,8 mil funcionários dentro da fábrica e com a conclusão da segunda esse número saltaria para 5,5 mil trabalhadores. O reflexo direto seria sentido ainda no alojamento de matrizes. Hoje elas somam 90 mil cabeças, esse número precisaria saltar para 210 mil cabeças. Com a obra adiada, caso ocorra, granjas também deixarão de ser construídas. “Temos estrutura e sanidade para isso, o que não temos é segurança para levar adiante um projeto tão audacioso, o maior do País no momento, que envolve recursos próprios, de investidores e de financiamentos”, seguiu.

Longo prazo

Além dos R$ 750 milhões previstos para a primeira fase do frigorífico, seriam investidos até 2021 outros R$ 250 milhões para ampliação do plantel e setores afins. Outros R$ 400 milhões, até o fim da segunda etapa, contemplariam aumento de plantel de unidades produtoras de leitões e terminadores, fábrica de ração, máquinas e equipamentos. Inicialmente, o projeto previa um retorno dos investimentos em oito anos. “Mas a nossa economia não tem reagido, o poder de compra do brasileiro está baixo, vamos crescer pouco, com margens pequenas neste ano. Isso significa que o consumo não está estimulado”, avalia.

A Frimesa hoje responde por 28% do abate estadual e suínos e 6% da nacional. Esses números mais que dobrariam caso o projeto saia do papel, em sua plenitude, nos próximos nove anos.