Policial

Falta de equipamento de segurança vira risco nas obras

Na tarde de ontem, a reportagem do Jornal Hoje News flagrou mais um homem em cima de um prédio sem equipamento de segurança. Ele ajudava a puxar telhas de zinco por uma corda. O homem ficou na borda do prédio no Centro de Cascavel sem proteção.

O descuido pode ser fatal, conforme as estatísticas dos últimos meses. Apenas neste ano, a quantidade de quedas de altura registrada pelo Corpo de Bombeiros aumentou 20% com relação ao mesmo período de 2017, quando foram registradas 181 quedas de plano elevado, contra 227 neste ano. A fatalidade impressiona: ano passado, uma pessoa perdeu a vida após cair de uma construção. Neste ano, já são quatro vítimas fatais.

Uma das ocorrências em altura resultou na morte de um trabalhador. Ele chegou a ser internado, mas não resistiu. Ele trabalhava em um prédio sem equipamentos de segurança para fazer uma pequena obra. Valmir Vicente Timóteo tinha 50 anos de idade.

Apesar de os registros de acidentes feitos pelo Sintrivel (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Cascavel) serem na maioria de obras realizadas por empresas, o aumento da informalidade fez com que a quantidade de quedas aumentasse.

Informalidade

De acordo com o Sintrivel, o trabalho informal cresceu 60% com relação ao ano passado na construção civil em Cascavel. “Barateou muito a mão de obra informal. No ano passado, um pedreiro não cobrava menos de R$ 160 por dia para uma obra simples. Agora, fazem até por R$ 90. Não há emprego formal, as grandes construtoras demitiram muitos e esses funcionários estão procurando empregos temporários, trabalhando por dia e sem se preocupar com a segurança”, explica Roberto Leal Americano, presidente do Sindicato.

No caso de trabalhos informais, os funcionários não sentem o risco de atuar sem equipamentos de segurança e os empregadores também não se atentam a itens que evitariam acidentes e salvariam vidas. “Estamos recebendo denúncias e vamos fiscalizar cada vez mais essas obras. Temos uma média de 30 construções por mês para visitar e um dos itens da cobrança é a segurança dos funcionários”, afirma.

Falta de informações

Neste ano já houve quatro mortes em acidentes de trabalho de acordo com o Sintrivel. No ano passado, houve uma vítima fatal de acidente de trabalho e uma em 2016.

O problema, diz o Sindicato, é que a maioria das ocorrências que envolvem informais não é relatada. Como consequência, o Sintrivel tem o registro de apenas 14 acidentes neste ano, contra 25 em 2017 e 36 em 2016. “Da mesma forma que os casos de morte que só ficamos sabemos pelo Corpo de Bombeiros e pela imprensa, porque as empresas não notificam, é difícil haver aviso de acidente de trabalho quando o funcionário é informal. A maioria dos acidentes acontece na informalidade, mas não todos”, ressalta Roberto Leal Americano, presidente do Sintrivel.