BUENOS AIRES – A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015) enfrenta acusações de abuso de poder. O novo caso foi iniciado pelo promotor Guillermo Marijuán, que apresentou como prova áudios de uma conversa entre Cristina e o ex-secretário geral da Presidência e ex-chefe da Agência Federal de Inteligência (AFI), Oscar Parrilli, nos quais a ex-chefe de Estado diz ter “armado processos” judiciais contra o ex-agente de inteligência Jaime Stiusso. O vazamento dos diálogos entre Cristina e Parrilli provocou verdadeiro escândalo político na Argentina. Cristina Kirchner
Stiusso, o nome que aparece na conversa, foi agente de inteligência durante quase todo o kirchnerismo e era um dos principais colaboradores do promotor Alberto Nisman, que apareceu morto no banheiro de seu apartamento em janeiro de 2015. Após o falecimento de Nisman ? cuja causa está sendo investigada pela Justiça ?, o ex-agente de inteligência refugiou-se nos Estados Unidos, por medo a ser perseguido pelo kirchnerismo. Antes de morrer, Nisman denunciara a ex-presidente, por suposto acobertamento de funcionários iraniamos suspeitos de terem participado do atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que matou 85 pessoas, em julho de 1994.
Em meados do ano passado, Stiusso retorno ao país e foi entrevistado pelo jornal “La Nación”. Sem rodeios, o ex-agente de inteligência acusou Cristina pela morte de Nisman e atreveu-se a chamar a ex-presidente de “apenas uma mulher louca”.
No áudio vazado, Cristina telefona para o ex-chefe da AFI para falar sobre a entrevista de Stiusso ao jornal e ordena a Parrilli começar a “procurar os processos que armamos (contra Stiusso)”. Em outro trecho da conversa, a ex-presidente pergunta “contra quem armamos processos?”, ao que o ex-chefe da AFI, cuidadosamente, responde: “se alguém armava processos era ele (Stiusso)”.
Cristina, que no diálogo com seu ex-funcionário o chama de “idiota”, afirmou que o governo de seu sucessor “agora me denuncia por dizer palavrões”.
? Não sabem mais o que inventar.
Parrilli chegou a falar num “Watergate local”.
? Esta é uma fenomenal espionagem política contra a oposição? querem enviar uma mensagem mafiosa ? declarou o ex-chefe da AFI.