Opinião

Correr de mãos dadas é mais difícil

Por Carla Hachmann

O ano de 2019 começou com uma grande expectativa, as esperanças renovadas e em contagem regressiva para a volta do crescimento econômico. Em meio a uma sucessão de tragédias, as notícias mais esperadas não vieram.

Correr de mãos dadas é muito mais difícil. Um segura ou até atrapalha o outro. Mas é assim que tem que ser. E por isso as coisas não acontecem no ritmo que queremos, ou precisamos.

As reformas que o Brasil precisa tem de ser feita a muitas mãos. O governo apresenta o texto “bruto” e ele vai sendo lapidado pelos representantes da sociedade. Tudo bem que não precisava demorar tanto e alguns recessos e folgas tradicionais poderiam ser “sacrificados”, mas é o ritmo da carruagem. O Senado, por exemplo, onde parecia que a reforma da Previdência caminharia a passos mais largos, nem sequer iniciou a discussão em plenário da reforma. Adiou para outubro o que era para ter acontecido nesta semana. É o ônus da democracia.

Ao governo cabem, sim, as cobranças, porque foi eleito sob a promessa que faria o que ninguém fez. Mas também vale ter bom senso. Dez meses de um novo mandatário na Presidência da República é um tempo muito curto para reverter tantos e tão graves problemas.

E o dano é o tempo perdido. O ano perdido. A renda perdida. Se todos soubéssemos do fim dessa história, ficaria mais fácil suportar o sacrifício. Mas ainda é apenas uma promessa, um sonho, uma ansiedade viver novos tempos, um Brasil com novo fôlego e revigorado, sem tantos entraves, e pronto para a competição global que não aceita mais estruturas obesas e ineficientes.

É preciso acreditar mais um pouco. Caminhamos para o último trimestre do ano, que em alguns momentos parece ter sido o mais longo da história, em outros, parece ter passado num pulinho. Ainda há muito a ser feito antes de 2020, há obrigações que precisam ser cumpridas neste ano, e tarefas que devem ser finalizadas. O compromisso continua sendo de todos. Não podemos soltar as mãos, basta acertarmos o passo.