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Cartório de Santa Tereza era ponto de referência para criminosos no Brasil

Em nova operação, PCPR mira cartorário e ex-cartorários com esquema de R$ 30 milhões

Cartório de Santa Tereza era ponto de referência para criminosos no Brasil

Cascavel – A segunda fase da Operação Ostentação, deflagrada pela Divisão de Combate à Corrupção da Polícia Civil, com o Gepatria (Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa) do Ministério Público, na manhã de ontem (13), cumpriu oito mandados de busca e apreensão nas casas de investigados e em um posto de combustíveis de Cascavel.

A polícia estima que o prejuízo deixado pela quadrilha seja superior a R$ 30 milhões.

Segundo o delegado responsável pela Deccor (Divisão de Combate à Corrupção), Rogerson Salgado, o Cartório de Santa Tereza do Oeste era utilizado como ponto de referência para criminosos de todo o Brasil para obter documentação falsa, como procurações, certidões de nascimento, certidões de óbito, contratos de vendas e fraude a seguros. “Tanto o Cartório de Santa Tereza do Oeste e o Cartório de Lindoeste foram usados para a confecção de documentos de forma fraudulenta, para atender criminosos de diversas partes do Brasil. Verificamos que o Cartório de Santa Tereza teria sido usado como ponto de referência por diversos criminosos do Brasil para obter documentação falsa, procurações, certidões de nascimento, certidões de óbito, e há suspeita que, no Cartório de Lindoeste, também tenham ocorridos essas fraudes”.

Conforme o delegado, o grupo falsificava documentos de propriedades e as vendiam sem que o proprietário tivesse ciência. O crime só era descoberto quando o comprador ia reivindicar a área comprada. Além disso, também eram falsificados documentos a criminosos que queriam mudar de identidade para ficar livre das pendências com a Justiça.

Durante as investigações, a polícia apurou que um empresário cascavelense, alvo de um dos mandados de busca, teria adquirido o Cartório do Serviço Distrital de Lindoeste de forma ilícita.

Segundo o delegado, o empresário teria comprado o cartório por R$ 200 mil e mais um pagamento mensal de R$ 15 mil de forma vitalícia ao titular do cartório. “O que nós verificamos é que teria sido feita a venda de forma irregular desse cartório, porque, para você ser titular de um cartório, tem que fazer concurso público, é necessária uma série de fatores, não pode passar para um particular de uma forma irregular.”

A reportagem do Jornal O Paraná entrou em contato com o Cartório de Lindoeste, que está sob a responsabilidade de Paulo Mion, que durante muitos anos teve cartório em Cascavel, mas a informação é de que ele não se manifestaria sobre a operação.

A defesa do outro empresário, Caio Cesar Carvalho, informou estar tranquila com o procedimento e que não teve acesso ao procedimento que gerou os mandados de busca e apreensão.

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