Saúde

Butantan cria vacina Butanvac contra covid-19

Instituto solicitará à Anvisa permissão para fazer ensaios clínicos das fases 1 e 2 com 1.800 pessoas

BRAZIL - 2020/11/10: In this photo illustration a medical syringe seen with an Instituto Butantan company logo displayed on a screen in the background.
Sinovac and Butantan Institute are testing the vaccine in Brazil. (Photo Illustration by Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images)
BRAZIL - 2020/11/10: In this photo illustration a medical syringe seen with an Instituto Butantan company logo displayed on a screen in the background. Sinovac and Butantan Institute are testing the vaccine in Brazil. (Photo Illustration by Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images)

O Instituto Butantan criou uma nova candidata a vacina contra a covid-19, totalmente nacional, e pedirá autorização para ensaios clínicos com seres humanos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta sexta-feira (26).A pandemia já matou mais de 300 mil brasileiros.

O Butantan é o maior produtor de vacinas do país e já fornece a Coronavac, fármaco de origem chinesa mais disponível hoje no Brasil.

O imunizante se chama Butanvac e foi desenvolvido pelo instituto, que lidera um consórcio internacional do qual ele é o principal produtor —85% da capacidade total de fornecimento da vacina, se ela funcionar, sairá do órgão do governo paulista.

“É uma segunda geração de vacina contra a covid-19, pode haver uma análise mais rápida”, afirmou.

“Um grande avanço da ciência brasileira a serviço da vida”, afirmou à reportagem o governador paulista, João Doria (PSDB).

Há pelo menos outros 16 estudos de imunizantes no Brasil, todos na fase anterior aos ensaios clínicos.

O pedido de autorização se refere às fases 1 e 2 de testes da vacina, nas quais serão avaliadas segurança e capacidade de promover resposta imune com 1.800 voluntários. Na fase 3, com até 9.000 indivíduos, é estipulada sua eficácia.

Doria, que mostrou uma caixa do novo imunizante, cobrou rapidez da Anvisa, com quem já teve altercações em outros momentos da crise sanitária. “Senso de urgência é senso de respeito aos mortos”, disse.

A Butanvac, que começou a ser testada em 27 de março do ano passado, já passou pelos testes pré-clínicos, nos quais são avaliados em animais efeitos positivos e toxicidade.

Segundo Covas, eles foram promissores e indicaram que ela provoca alta resposta imune. “Isso significa necessidade de menos doses”, disse. Há lotes prontos do imunizante para os ensaios.

Como a Butanvac utiliza uma tecnologia já usada amplamente no próprio Butantan para fabricar a vacina anual contra a gripe comum, Covas crê que isso será um fator a mais para acelerar seu desenvolvimento.

As vacinas que foram desenvolvidas mais rapidamente contra a covid-19 no mundo demoraram menos de seis meses para completar suas fases 1 e 2. “Mas elas eram totalmente novas”, pondera Covas.

A vacina será testada nos dois outros países participantes do consórcio, Vietnã e Tailândia —neste último, a fase 1 já começou. Segundo o diretor do Butantan, a prioridade é fornecimento de imunizantes para o Brasil e para países mais pobres.

A tecnologia em questão utiliza o vírus inativado de uma gripe aviária, chamada doença de Newcastle, como vetor para transportar para o corpo do paciente a proteína S (de spike, espícula) integral do Sars-CoV-2.

 

Fonte: Folha de São Paulo