Opinião

A droga no avião da FAB

Por Jadir Zimmermann

Um dos principais assuntos que dominou a semana foi a prisão do sargento Manoel Silva Rodrigues, integrante do Grupo de Transporte Especial da FAB (Força Aérea Brasileira). Rodrigues foi preso no aeroporto de Sevilha, na Espanha, após a Guarda Civil local encontrar nada menos do que 39 kg de cocaína em sua bagagem.

A repercussão do episódio criou um embaraço ao presidente Jair Bolsonaro, especialmente pelo fato de o sargento integrar a comitiva de militares que davam suporte à viagem do presidente Jair Bolsonaro para a cúpula do G-20, no Japão. O próprio presidente exigiu rigor na apuração dos fatos, para investigar a responsabilidade deste militar, que já havia servido também às comitivas dos ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff, em 29 viagens domésticas e internacionais.

À divulgação dos fatos seguiram-se os debates, as insinuações, as piadinhas e muitos memes que circularam pelas redes sociais. Mas, muito além do crime de tráfico internacional, do embaraço do presidente e do humor de prós e contra Bolsonaro, o episódio revela uma grave falha na segurança do entorno da instituição Presidência da República. A própria FAB admitiu que precisa rever os procedimentos de segurança com relação a equipe que serve a comitiva presidencial.

O governo procurou minimizar o episódio, observando que em momento algum Rodrigues esteve no mesmo avião de Bolsonaro. Mas integrava uma equipe de reserva da comitiva e poderia, sim, numa eventualidade, ser acionado para estar no avião do presidente.

Este militar transportou 39 kg de cocaína num avião da FAB que servia à comitiva presidencial e sequer se preocupou em camuflar a droga entre roupas e objetos pessoais. Mas poderia muito bem ter transportado algo que colocasse em risco a integridade física do presidente da República.