MONTEVIDEU – Imponente monumento praticamente intocado desde 1930, o Estádio Centenário será mais uma vez testemunha da História. Quando se enfrentarem em Montevidéu nesta quinta-feira, às 20h, Uruguai e Brasil terão invencibilidades coletivas confirmadas ou derrubadas, em uma partida que poderá virar versículo do futebol. Seleção brasileira – 22.03
Unanimidade neste momento no Brasil, sem sequer ter ganho um título com a seleção, Tite chegou ao recorde de João Saldanha, obtido nas eliminatórias de 1969, com seis vitórias seguidas. Mais uma, e será dono do recorde sozinho entre treinadores nacionais.
Tite preferiu ressaltar a boa campanha como um todo do que jogar holofote em marcas individuais. E espera que esse trabalho eleve o padrão do jogo hoje.
? Quero que o Uruguai jogue muito, que o Brasil jogue muito, que seja espetáculo ? afirmou.
Além da marca pessoal, a vitória encaminha a classificação para a Copa do Mundo da Rússia. Ainda que não matematicamente, porque os 28 pontos ? ou 30, em caso de vitória ? estão dentro de uma margem prevista como parâmetro pela comissão técnica com base nas seleções que terminaram em quarto lugar as eliminatórias para as últimas Copas.
? Gera ansiedade, tem que saber administrar ? resumiu Tite.
Um empate impediria o recorde, mas deixaria a seleção dentro do patamar estabelecido. Seria melhor para o Uruguai do técnico Óscar Tabárez. Ainda que não superasse o Brasil no topo da tabela, o pontinho garantiria à equipe a impressionante marca de 29 jogos sem perder no Centenário.
Na última vez que o Uruguai foi derrotado no estádio no qual venceu a Copa de 1930, o técnico da Argentina ainda era Diego Armando Maradona. Foi em 14 de outubro de 2009, 1 a 0, gol de Mario Bolatti.
EM 2009, BRASIL 4 A 0
O ano de 2009 marca, ainda, a última vez que a seleção venceu o Uruguai em Montevidéu. Pelas eliminatórias de 2010, o Brasil fez 4 a 0 nos donos da casa. O Uruguai só perdeu três vezes para a seleção, em datas tão esparsas que gerações inteiras de uruguaios não devem ter tido a chance de ver no estádio: 1932, 1976 e 2009.
Para Tabárez, a vitória também traria a quebra de um incômodo jejum. Ele nunca venceu o Brasil em suas duas passagens pelo comando do Uruguai. Mas, assim que entrar em campo, ele passará à história como o treinador que mais dirigiu uma seleção: 168 vezes, contra 167 do alemão Sepp Herberger. Para Tite, o fato de o técnico uruguaio não ter vencido o Brasil não influencia a próxima atuação:
? É dado estatístico. O momento de cada um é mais importante; para desempenho não acho que pesa muito.
Ainda há Neymar. Maior goleador deste grupo de convocados, com 50 gols, e quinto artilheiro da história da seleção, ele nunca marcou contra o Uruguai. Foram dois jogos completos e nada de gol.
Tite confirmou a entrada de Firmino no lugar de Gabriel Jesus. O treinador deixou evidente a vontade de não submeter a seleção ao estilo de jogo do adversário.
? O Uruguai venceu seis jogos em casa, saiu vencendo desde o primeiro tempo. Tem ritmo forte, jogo muito vertical. Tem opções ofensivas. Mas o que vamos fazer é repetir nosso padrão, marcar onde a bola está. Ter a posse é uma característica nossa. Quero que a equipe jogue muito, que mostre a sua cara. Saber marcar e sofrer. E se impor ? disse Tite, comparando o estilo de Jesus e Firmino. ? Jesus apoia mais, enquanto Firmino recebe em profundidade. É um grande momento do Firmino, que vem fazendo gols.
Ao todo, Tite terá conseguido fazer seis treinamentos até a partida com o Paraguai, na terça-feira. Entre o jogo do Peru e o de hoje, foram 127 dias sem poder reunir a seleção.
? Retomar o padrão é o grande desafio. A cada convocação vêm situações novas e, na retomada, eu me renovo ? filosofou Tite.