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Multicampeão e controverso: tenista indiano chega à sétima Olimpíada

Vencedor de 18 grand slams entre duplas masculinas e mistas, Leander Paes chega ao Rio para registrar mais um marco na História do tênis: tornar-se o primeiro esportista a pisar a quadra olímpica em sete edições. Aos 43 anos, ele carrega ainda a meta pessoal de juntar o bronze de Atlanta-1996 na categoria single, vencida pelo já aposentado Andre Agassi, a uma medalha na modalidade coletiva. Desta vez, ele vai a campo com Rohan Bopanna, de 36 anos.

Sua primeira aparição em Olimpíadas foi em Barcelona-1992, quando o centro das atenções se voltava ao original Dream Team (Time dos Sonhos, do basquete americano) de Michael Jordan. Vinte quatro anos depois, ele desembarca na capital carioca com o objetivo de deixar de lado as intrigas com os demais atletas do tênis indiano — inclusive o parceiro Bopanna, que escolheu não jogar com o veterano na edição londrina.

— Eu já tenho uma medalha da [categoria] single na bagagem, então vou realmente me esforçar para vencer nas duplas e colocá-las lado a lado — afirmou à CNN o tenista, que precisará, no entanto, galgar uma vaga em Tóquio-2020 se quiser tentar subir ao pódio nas duplas mistas. Este ano, é Bopanna quem se alia à estrela indiana Sania Mirza na categoria.

Paes credita sua longevidade no esporte à equipe que o acompanha: um mestre de ioga de 26 anos, um preparador físico de 2 anos e um treinador de 19 anos. “Idade é só um número”, ele ressalta. Exceção no país ao ganhar a vida em um esporte diferente de cricket e badminton, Paes salienta que sua trajetória olímpica vem antes mesmo de 1992. Na verdade, duas décadas antes, seu pai faturava o bronze no hóquei de grama em Munique — onde o tenista alega ter sido concebido.

— Sou realmente uma criança olímpica — brinca o porta-bandeira da delegação indiana em Sidney-2000. — Eu cresci com pedigree. Minha mãe também foi capitã do basquete da Índia, e eu costumava passar os jerseys (as camisas de jogo) dela.

ANIMOSIDADE

Mas o desempenho de Paes não é celebrado pelos compatriotas do esporte. Em Londres-2012, a associação indiana de tênis quis reunir Paes a Mahesh Bhupathi, na tentativa de recriar primeira a dupla a chegar a quatro finais do Grand Slam em uma temporada, em 1999. À epoca, Bhupathi jogava com Bopanna e se recusou a treinar com o veterano. “Nós não conversamos e não somos camaradas. Paes me esfaqueou pelas costas privada e publicamente”, ratificou o ex-parceiro. Paes acabou atrelado ao desconhecido Vishnu Vardhan.

— Não parece bem, mas acontece em vários países — desconversa o secretário-geral do órgão nacional para o tênis, Bharat Oza, ao “New York Times”.

Este ano, Bopanna anunciou às autoridades que preferia jogar no Rio com Saketh Myneni — com quem costuma jogar na Copa Davis. Membro do top 10 mundial nas duplas, poderia escolher seu parceiro, mas a associação deveria aprovar a indicação. Mesmo assim, o tenista de 36 anos foi balizado com Leander Paes.

— Infelizmente nós não conseguimos formar uma boa combinação, e eu não acredito que nossos estilos de jogo sejam compatíveis ou complementares. Já que se trata de uma modalidade em que fois atletas devem se aliar para jogar bem, independentemente de conquistas individuais, é o time e a combinação que importam — havia comunicado Bopanna às autoridades, que não o surpreenderam ao ignorar o pedido do tenista “em nome do prospecto de medalhas do país”.

Bopanna, no entanto, assentiu, certo de que seria taxado de vilão se recusasse o time indiano. Disse que seguiria em frente e focou nos treinamentos, ao contrário do que fez em Londres-2012. Na edição londrina, Mirza foi escolhida para jogar com Paes, embora tivesse vencido dois Grand Slams com Bhupathi. Não gostou: para ela, que considera a relação com o parceiro fundamental para o desempenho em quadra, tratava-se de uma maneira “humilhante de pacificar um baluarte descontente do tênis indiano”.

— Naturalmente, Leander é uma figura icônica da Copa Davis e do tênis mundial — sentenciou Oza.