Mais de uma semana e os funcionários do transporte coletivo de Cascavel continuam em greve. Apenas 65% da frota está em atividade. O impasse depende agora da Justiça.
A reivindicação do Sinttracovel (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano de Cascavel) é o recebimento do vale-alimentação (suspenso desde fevereiro) e o reajuste de 2,55% no salário. “Desde novembro do ano passado tentamos acordo com as empresas, mas não tivemos retorno nem contraproposta”, justifica o presidente do sindicato Nelson Borba.
Ele ressalta que a dificuldade de negociação é com relação aos empregadores e não com o poder público. “A prefeitura fez a parte dela, quando autorizou o reajuste da tarifa para as empresas no início do ano, mas o reajuste não foi repassado para os funcionários”, afirma.
Os trabalhadores iniciaram a greve na manhã do dia 5 deste mês, com apenas metade da frota circulando. Pouco depois, todos os ônibus foram encostados nos terminais e o serviço ficou parado até o fim do dia, quando uma ordem judicial determinou que ao menos 65% da frota continuasse rodando.
Por meio da assessoria de imprensa, as empresas informaram que consideram a greve ilegal e inconsequente, com motivação política e que a paralisação só agrava a situação financeira das operadoras do serviço.
A frota das duas empresas é formada por 140 ônibus, que atendem 72 linhas. Desses, 120 rodavam nas ruas até o início do mês. Devido às restrições por causa da pandemia, desde 19 de março o fluxo de passageiros caiu e agora estava em 40% do total, causando prejuízo e fazendo com que as empresas não conseguissem repassar os aumentos para os trabalhadores, alegam Capital do Oeste e Pioneira.
Ontem (13), segundo o sindicato, 65% da frota estava em atividade e deve permanecer assim nas próximas semanas. As tabelas de horários são divulgadas pela Transitar (Autarquia Municipal de Mobilidade, Trânsito e Cidadania).
Na Justiça
Representantes das empresas e a diretoria do Sinttracovel participaram de uma audiência virtual de conciliação na última sexta-feira (9), mas não houve acordo. “As empresas não apresentaram propostas. Mantivemos as reivindicações com relação ao nosso salário-base e pedimos que fosse pago o valor retroativo do vale-alimentação, com a possibilidade de parcelamento, mas elas não aceitaram”, disse o presidente do sindicato, Nelson Borba.
A Justiça deu então prazo de 15 dias para que ambos os lados apresentem documentos, para que possa decidir sobre o caso.
Prefeitura estuda pagamento de auxílio
Na semana passada, o secretário de Comunicação, Thiago Stefanello, informou, em vídeo, que algumas possibilidades estavam sendo estudadas para que o transporte voltasse a funcionar normalmente. “O Município tenta com o Tribunal de Contas Estadual viabilizar o pagamento de um subsídio para as empresas, levando em conta apenas os custos e não o lucro, mas isso só poderá ser efetivado mediante autorização legal”, expliou.
A Transitar informou que a situação segue sem resposta do TCE e que, com a Procuradoria Jurídica do Município, acompanha as negociações entre as empresas e o sindicato, contudo, não pode interferir por se tratar de uma relação de emprego.