Cascavel – Neste domingo, 16 de março, em todos os cantos do Brasil, acontecerão manifestações em defesa da anistia para os condenados pelos atos de “8 de janeiro” e também em defesa da liberdade de expressão e o voto impresso. Contudo, a mobilização pela anistia segue sendo a pauta principal da convocação feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e diversos líderes da chamada “Direita”.
Além dos atos programados para domingo, com a manifestação organizada pelo pastor Silas Malafaia, em Copacabana, no Rio de Janeiro, com a presença do ex-presidente e os governadores Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, além de diversos políticos, neste sábado (15), estão previstas manifestações em Nova York, Washington DC, Orlando, Fort Lauderdale, Londres, Zurique, Roma e Barcelona. Os atos buscaram fortalecer campanha internacional promovida por Bolsonaro para chamar atenção para os atos patrocinados pelo Judiciário brasileiro, com o principal porta-voz sendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está cotado para presidir a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.
Decisões do STF
As manifestações vão acontecer logo depois de decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), na figura do ministro Alexandre de Moraes, que marcaram a semana. Na quinta-feira (13), Moraes liberou a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro e outros sete acusados por “tentativa de golpe de Estado”. No mesmo dia, poucas horas depois, o presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, ex-advogado pessoal do presidente Lula, marcou o julgamento para o dia 25 de março. (confira Box)
Ditadura
Pelas redes sociais, ex-presidente Bolsonaro reforçou a convocação para o ato em Copacabana, com um vídeo que apresenta imagens de mulheres presas e condenadas pelo STF. O vídeo classifica as condenações como parte de uma “ditadura do Judiciário” e afirma que os presos foram punidos só por “questionarem o sistema”. “É por elas, é pelos seus netos, é pelos seus filhos, é por justiça, é pelo nosso Brasil e pelo nosso futuro. No próximo domingo, dia 16, às 10 da manhã, compareça. Vá a Copacabana. É por todos nós. Um abraço a todos. Até lá, se Deus quiser”, convoca Bolsonaro.
O projeto
Durante a semana, Bolsonaro defendeu o projeto de lei que anistia ao lado do presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto. O ex-presidente disse que uma das prioridades da direita, neste momento, será destravar a tramitação da proposta no Congresso Nacional. “[Uma prioridade é o] Projeto do [Rodrigo] Valadares, para a gente botar para frente o projeto de anistia. Não tem cabimento. Nós temos órfãos de pais vivos. E que tipo de acusação [contra os envolvidos], meu Deus. Mãe acordando sem os seus filhos, condenados a 16, 17 anos de cadeia. É um absurdo o que estão fazendo com essas pessoas”, afirmou.
STF acelera julgamento de Bolsonaro
O presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, confirmou para o dia 25 de março o início do julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas, com três sessões para apreciar a denúncia: duas no dia 25, às 9h30 e às 14h, e a 3ª, no dia 26, às 9h30.
Zanin se pronunciou no mesmo dia em que a Procuradoria Geral da República respondeu às defesas dos acusados, rebatendo seus pedidos para que o processo fosse encaminhado para a “primeira instância” e também que a denuncia contra o ex-presidente fosse apreciada pelo plenário da Suprema Corte. Além de rebater e negar os pedidos, a procuradoria reafirmou os crimes que denunciou.
Vale lembrar que a Primeira Turma é formada Zanin, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino, e vai analisar os argumentos da procuradoria e decidir se inicia uma ação penal, tornando os acusados réus. A partir disso, haverá um novo processo para analisar os crimes e decidir sobre uma eventual condenação e penas.
Em Cascavel participa da mobilização
Em Cascavel, a mobilização vai acontecer em frente à Prefeitura Municipal, a partir das 16h. Durante a semana, as convocações foram feitas na Câmara Municipal. O vereador Fão do Bolsonaro (PL) reforçou que manifestação defende a “liberdade de expressão e combate a perseguição a opositores do governo federal: “Uma senhora de 70 anos, cozinheira, ser condenada a 17 anos de prisão, enquanto um político pego com dinheiro na cueca segue livre, é inadmissível”.
Já o vereador Rondinelle Batista (Novo), também durante sessão do Legislativo, desafiou: “Se está tudo bem, fique em casa. Mas se você não concorda com esse governo, venha conosco”.
Sergio Bolsi, empresário e um dos organizadores da mobilização em Cascavel, disse que movimento em Cascavel é orgânico e apartidário e justificou a defesa da pauta da manifestação afirmando que “o Brasil está descambando, sem segurança jurídica e política”.