TRÂNSITO

MP quer o depoimento da Transitar sobre acidente que matou o menino Nando

O trágico acidente aconteceu no dia 14 de junho, na Rua Paraná. Foto: Luiz Felipe Max/SOT
O trágico acidente aconteceu no dia 14 de junho, na Rua Paraná. Foto: Luiz Felipe Max/SOT

Cascavel – O caso da morte do pequeno Fernando Lorenzo Souza Gehlen, 9 anos, que aconteceu na noite do dia 14 de junho continua sendo investigado pelas autoridades policiais. A reportagem do Jornal O Paraná teve acesso a um pedido do promotor de Justiça Tiago Trevizoli Justo que solicita que a Polícia Civil de Cascavel ouça em um prazo de até cinco dias a presidente da Transitar, Simoni Soares e o engenheiro de trânsito, Juliano Denardin, para que eles possam apresentar a sua versão dos fatos.

De acordo com o documento a mãe do pequeno Fernando, Mônica Morais de Souza esteve na semana passada na Promotoria e afirmou que dias antes teria se reunido com Simoni e Juliano e que ambos afirmaram a ela que a condutora do veículo que matou o menino teria avançado outros cruzamentos, antes do acidente que ocorreu no cruzamento da Avenida Piquiri com a Rua Paraná, por volta das 19h.

Segundo a mãe do menino, eles teriam dito a ela, inclusive, que existem câmeras de monitoramento que teriam “flagrado” que a motorista furou outras preferenciais. Diante disso, o promotor acredita que caso a afirmação seja comprovada pode mudar as investigações e na elucidação do que realmente ocorreu naquele dia e que as imagens sejam entregues para a investigação para serem anexadas ao processo.

Homicídio culposo

A motorista que provocou o acidente do menino, Marcia Pereira Sobrinho, foi denunciada por homicídio culposo na direção de veículo e lesão corporal, fato ocorrido no dia 8 de julho quando o inquérito foi concluído. Na época foi levantada a hipótese de que ela estaria utilizando o celular no momento do acidente, o que não ficou comprovado, visto que o setor de inteligência da Polícia Civil fez uma análise minuciosa no celular dela, mas não constatou nenhum aplicativo aberto no momento da batida. 

O caso causou grande comoção na cidade já que o menino estava com a mãe e um amigo aguardando para atravessar a via. Uma “cobrança” devido ao fato da irresponsabilidade da condutora e também às autoridades de trânsito que por causa do acidente, fizeram uma série de modificações no cruzamento, desde a pintura reforçada da faixa de pedestre até a instalação de câmera de monitoramento e na sequência de um semáforo.   

Protesto

Por meio de carta, a mãe do menino informou que no próximo sábado, dia 21, das 9h às 12h, em frente à Catedral Nossa Senhora Aparecida, vai ocorrer um protesto por justiça em memória de Nando e de todas as famílias que perderam entes queridos em decorrência de sinistro de trânsito. “Ensinei-o que o local mais seguro ao caminhar é a calçada, que devemos atravessar na faixa e que os maiores devem cuidar dos menores Infelizmente, meu filho, ainda tão pequeno, perdeu a vida na calçada, enquanto aguardávamos para atravessar na faixa, pois uma motorista, irresponsavelmente, tirou a vida dele ao fugir do local do acidente”, afirmou ela.

Ela fala ainda na carta “Quantas mães, em silêncio sofrem a dor da perda de seus filhos em sinistro trânsito? As leis precisam ser modificadas, é uma realidade devastadora que clama por mudanças urgentes nas leis e na conscientização da sociedade. Que as pessoas entendam que cada veículo nas ruas carrega vidas, amores e sonhos dentro. Nos carros, nas motos, nos caminhões, nas calçadas, existem pessoas valiosas que merecem ser respeitadas”, frisou.

Mônica disse ainda que “a sociedade deve se unir para que leis sejam rigorosamente implementadas e que existam consequências para quem coloca vidas em risco. É preciso agir, não apenas para proteger os entes queridos, mas para preservar o amor e a esperança de tantas famílias que já sofreram a perda de um filho. É preciso agir para que tragédias como a minha não se repitam”, esclareceu. “Sempre que pensarem em atender o celular ou em furar uma parada obrigatória, lembrem-se de que em casa sempre há uma mãe, um pai, um tio, uma tia, avós ou irmãos que estão aguardando. Viver nessa expectativa é algo extremamente doloroso. Somente aqueles que sentem na alma sabem como é difícil. Por favor, tenham consciência. Que não haja mais Nandos nem Mônicas com o colo vazio”, finalizou.