Cotidiano

Menor gasto com calotes e aumento das receitas pode ajudar bancos em 2017

SÃO PAULO – A profunda recessão econômica e perdas bilionárias com o calote de grandes empresas fizeram com que os grandes bancos do país registrassem queda de mais de 21,5% na comparação com 2015. Levantamento da Austin Rating mostra que as dez maiores instituições financeiras do mercado brasileiro lucraram juntas R$ 61,6 bilhões, ante R$ 78,6 bilhões um ano antes.

As perdas com inadimplência e os provisionamentos para cobri-las devem ser menores este ano, mas como ainda vai demorar para a economia permitir a retomada dos patamares de crédito do período anterior à crise, os bancos tendem a continuar se apoiando em outras fontes de receitas para se manterem rentáveis, como a cobrança por serviços (tarifas) dos clientes.

? Ainda não vemos algo que possa encorajar a volta do crédito. O FGTS vai dar um respiro na economia, mas não é o suficiente. O que pode salvar os bancos esse ano é uma despesa menor com as provisões para devedores duvidosos, ao mesmo tempo que eles cortam despesas e exploram mais receitas. Isso é uma tendência de longo prazo ? explicou Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

Menos ágeis e em alguns casos mais penalizados pela maior exposição a empresas que entraram em recuperação judicial, os bancos públicos ? Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal ? foram os que tiveram as maiores perdas nos lucros, de 44,2% e 41,8%, respectivamente.

A Caixa Econômica Federal, que divulgou nesta terça-feira seus resultados, teve lucro R$ 4,1 bilhões no ano passado, uma queda de 43%. Para reerguer a rentabilidade, a Caixa confirmou a estratégia já adotada pela concorrência: expandir a participação com a prestação de serviços, como as tarifas cobradas na conta corrente, com cartões e administração de recursos.

? Um dos nossos desafios é aumentar as nossas receitas com serviços em linha com que os outros bancos fizeram no passado ? afirmou Arno Meyer, vice-presidente de Finanças em entrevista a jornalistas nesta manhã.

As receitas com prestação de serviços na Caixa equivalem a 23,7% do que é gerado pelas operações de crédito. Esse número é inferior ao praticado pelas instituições privadas. No caso do Itaú, essa relação é de 40,4% e no Bradesco, de 28,5%. Apesar de buscar mais receitas com tarifas, a Caixa não estabeleceu uma meta de participação da prestação de serviços em seu resultado ou meta de rentabilidade. O retorno sobre o patrimônio da Caixa ficou em 6,6% em 2016, bem abaixo dos grandes privados, que ficou próximo a 20%.

? O nome do jogo é aumentar a rentabilidade do banco após uma fase de forte crescimento do crédito. Precisamos aumentar e melhorar o resultado ? disse.