Apesar dos seguidos alertas, somente agora, com a estiagem e a baixa vazão da água, é que os vereadores de Cascavel se deram conta do assoreamento do Lago Municipal de Cascavel. Os bolsões de areia e terra acumulados no principal cartão-postal da cidade foram mostrados na tribuna por Celso Dal Molin (PL), voz solitária que há mais de dois anos tenta alertar a todos sobre a situação. “Há quanto tempo estamos falando dessa situação? Fizeram com que acreditássemos que estava tudo certo com o Lago. Primeiro fizeram um desassoreamento – que foi uma maquiagem e colocaram placas no vertedouro para elevar o nível da água – tudo foi desmascarado agora”, disse o parlamentar.
A água do Lago Municipal vem sendo usada pela Sanepar para abastecer as moradias desde que um laudo comprovou a contaminação do Rio Saltinho e teve a captação suspensa, por recomendação do Ministério da Saúde.
Dal Molin cobra ações em favor da preservação do manancial de abastecimento público. Uma legislação com políticas municipais a curto, médio e longo prazos foi aprovada, mas está apenas no papel. “O Lago está assoreado e há um risco grande de ficarmos sem água no futuro: 65% da água usada para abastecimento em Cascavel sai do Rio Cascavel”, alerta.
A última intervenção no Lago para desassoreaemnto aconteceu em 2011, com gasto de R$ 2 milhões.
Para alguns vereadores, na época, deveriam ter baixado o nível da água para verificar a eficiência do serviço. “É uma imagem assustadora. É uma tragédia anunciada. Deveriam ter feito essa verificação na época da retirada do lodo”, critica o vereador Jaime Vasatta (Podemos).
A cobrança é por alguma ação por parte da prefeitura, da Sanepar e do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), com provocação da Câmara de Vereadores.
Foi questionado ainda interesses divergentes da atual presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente atual diretora da Sanepar, Rita Camana. “Quem deveria fiscalizar integra a Sanepar”, alerta Dal Molin.
Novo contrato
A situação do Lago Municipal reforçou o apoio para discussão sobre o atual contrato com a Sanepar, renovado em 2004 e que termina em 2024. O líder de Governo na Câmara, Romulo Quintino (PSC), lembrou que a empresa pública reduziu de 10 metros cúbicos para cinco na tarifa mínima, ferindo o acordo feito no Município, e cobrou atitudes. “A Sanepar nada de braçada em Cascavel e no Paraná. A cobertura atual de saneamento é uma obrigação, e recebe muito bem para fazer isso. Aliás, está com a cobertura atrasada. Estamos sentindo agora a ausência de obrigações da Sanepar: a situação do Lago é uma delas”, criticou Quintino.
Reportagem: Josimar Bagatoli