Cascavel e Paraná - A movimentação de membros do MST na região Noroeste acendeu o sinal de alerta em todo o Paraná e também na região Oeste. Na quinta-feira (5), o Movimento dos Sem-Terra iniciou a montagem de um QG em uma propriedade rural, na Estrada Divisora, pertencente a Umuarama. De acordo com informações obtidas junto a líderes do MST, a implantação do acampamento não tem a finalidade de produzir na área, mas pressionar o governo a desapropriar terras.
Conforme o comando da Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento na área, os sem-terra estariam dentro de uma área de assentamento, aguardando a liberação por parte do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), de 400 alqueires da Fazenda Pico Juazeiro, para fins de reforma agrária. O processo para saber se essa área é ou não produtiva, estão sob a análise do órgão federal. Essa área de 400 alqueires fica a 15 quilômetros de distância do assentamento em que os sem-terra montaram o QG.
“SEM INVASÃO”
Com base no estatuto interno do MST, entidade que é ‘organizada’, mas não tem personalidade jurídica, para conseguir se beneficiar de uma área sob análise do Incra, é preciso que os membros estejam nas proximidades da área e dentro dos limites do município. Em conversa com as autoridades de segurança, o MST garantiu que não irá invadir propriedades e somente está aguardando os trâmites legais do Incra com relação à Fazenda Pico Juazeiro. Até o fechamento dessa edição, 100 pessoas já estavam abrigadas na área de assentamento.
A Polícia Militar divulgou nota, assinada pelo tenente-coronel Claudio Roberto, do 25º Batalhão de Polícia Militar de Umuarama, salientando que a área estava ocupada por cerca de 30 pessoas apenas, todos integrantes do MST, e que se trata se de área já desapropriada, fato que foi apurado apenas depois de uma conversa com o antigo proprietário. “Mantivemos contato telefônico com a liderança que informou não ser o objetivo deles invadirem propriedades particulares e aguardarão o Incra desapropriar outra propriedade para que possam ocupar legalmente”, disse o comandante.
Longa lista
O ocorrido em Umuarama é apenas mais uma em uma longa lista de ações preocupantes no Paraná que incluem invasões envolvendo indígenas “e/ou” integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Por isso, o Sistema FAEP pede que o Marco Temporal, que ratifica que as demarcações de terras indígenas devem ser limitadas à data da promulgação da Constituição Federal (5 de outubro de 1988) seja cumprido, para que os produtores rurais tenham segurança jurídica. O Sistema FAEP e o Sindicato Rural de Umuarama estão prestando atendimento ao proprietário da área rural e vão continuar acompanhando a situação na região.
Afronta ao setor produtivo
Em entrevista à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o presidente da Sociedade Rural do Oeste, Devair Bortolato, o Peninha, disse que a movimentação do MST “é mais uma demonstração de afronta ao setor produtivo”. Para o líder pecuarista, o atual governo favorece a postura mais radical por parte do movimento invasor. “Lula provou que é líder de um segmento criminoso”. Para ele, há dois pesos e duas medidas no País. “Invadiram o Congresso e estão todos presos. Agora quando o MST invade propriedades produtivas, há uma omissão e nada é feito”.
No começo da tarde de sexta-feira (6), a FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), se pronunciou sobre a situação em Umuarama. Diante do ocorrido, o Sistema FAEP já procurou as autoridades responsáveis para solicitar que os membros do MST sejam retirados do local.
“Já fizemos contato com o comando da Polícia Militar pedindo reforço da segurança na região, principalmente para a garantia da integridade física dos nossos produtores rurais”, destaca Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP. “Essa situação é mais um exemplo do descaso do governo federal, que participa de eventos do MST, corroborando para os atos de invasão no Paraná e em outros Estados. Isso precisa acabar”, complementa.