Cotidiano

Pearson avalia aquisições no Brasil em meio a disputas no setor educacional

RIO – A Pearson, grupo britânico educacional que oferece de softwares de ensino a consultoria pedagógica, avalia novas aquisições no Brasil e não descarta a compra de faculdades ou colégios, em um momento em que a consolidação do setor educacional do país ganha força com as propostas de Kroton e Ser Educacional pela Estácio Participações.

— Como hoje o mercado está bem aquecido, e prova disso são as propostas pela Estácio, têm aparecido diversas oportunidades de aquisições (no Brasil) e estamos avaliando todas, mas ainda não há nada concreto. Estamos identificando oportunidades — disse à Reuters o presidente da Pearson no Brasil, Luciano Kliemaschewsk.

Questionado sobre a possibilidade de fazer uma proposta pela Estácio, Klima, como é conhecido, limitou-se a afirmar que “a companhia está olhando oportunidades no mercado, principalmente nos mercados emergentes, grupo ao qual o Brasil faz parte”.

As instituições próprias da Pearson em todo mundo representam uma fatia pequena do grupo que lucrou 823 milhões de libras esterlinas (mais de R$ 4 bilhões) em 2015. A companhia é dona da faculdade CTI, na África do Sul, adquirida em 2010. Em 2012, lançou uma universidade online no México em parceria com uma instituição local, no mesmo ano que abriu a Pearson College, no Reino Unido.

Klima assumiu o comando da companhia no país em fevereiro, em um processo de reestruturação global que levou o então presidente Giovanni Giovannelli a comandar o negócio de mercados em crescimento da Pearson, que inclui, além do Brasil, China, África do Sul e Índia.

A Pearson não tem escolas de ensino básico ou nível superior próprias no Brasil, mas é algo que a companhia tem avaliado, afirmou o executivo.

— A gente está avaliando, mas não chegamos a uma conclusão com relação a isso — disse.

Além da recessão que tende a pressionar para baixo os preços dos ativos brasileiros, a desvalorização do real frente ao dólar e à libra esterlina coloca a companhia em um posição mais favorável para aquisições no momento, acrescentou o executivo.

VENDA DE ATIVOS GLOBAIS

Globalmente, a Pearson está focando na área educacional e se desfez de ativos de mídia como o grupo FT, dono do jornal “Financial Times”, para concentrar-se neste segmento.

No Brasil, a companhia atua da educação básica ao ensino superior oferecendo desde sistemas de ensino para escolas públicas e privadas a catálogos de livros, conteúdo digital, e serviços. A Pearson também é dona das escolas de idiomas Wizard, Yázigi e Skill, além de cursos profissionalizantes.

No início do ano, a Pearson anunciou uma reestruturação global com a demissão de 4 mil empregados, mas o Brasil não foi afetado, disse Klima.

— A companhia está desenvolvendo novas áreas, mercados… Não teve redução — afirmou.

Uma das novas áreas são os “education centers” em que colégios parceiros da Pearson passam a oferecer aulas de um idioma estrangeiro por meio de uma das franquias da companhia no contraturno do horário escolar.

Presente em mais de mil escolas com seus produtos e serviços, a Pearson pretende acelerar esta área e abrir 100 destes centros no Brasil até o final de ano, chegando a 168 unidades. Segundo Klima, até maio foram abertos 45 novos educations centers no país.

No caso das franquias de idiomas, a proposta é abrir 150 novas escolas este ano, ante 135 franquias abertas em 2015. Apesar do momento econômico deixar as pessoas um pouco mais resistentes a empreender, há quem esteja disposto a investir o dinheiro do fundo de garantia, por exemplo, em um novo negócio, segundo o presidente da Pearson Brasil. Tanto é que já foram abertas 70 novas franquias de idiomas nos cinco primeiros meses do ano, apesar do fechamento de 7 unidades da marca Wall Street, que foi descontinuada.

— Esta decisão fez parte de um plano de consolidação e expansão das principais marcas — afirmou.

Na educação básica, a meta é somar 54 mil estudantes à base de 400 mil alunos que utilizam os sistemas de ensino da companhia. Até maio, o crescimento foi de 11%, segundo o executivo.

— Este ano, a gente está em linha com o orçamento. A Pearson lá fora está feliz com o nosso resultado. O Brasil tem despontado em relação aos mercados emergentes e temos tido uma posição de destaque (na companhia). A gente brinca que aqui não tem crise e vamos buscar alternativas para melhorar nossos resultados — afirmou.