Cotidiano

Poupança tem saída de R$ 6,6 bi, pior maio em 21 anos

BRASÍLIA – Os brasileiros sacaram R$ 6,6 bilhões da caderneta de poupança, no mês passado, a mais do que depositaram. De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central, foi o pior desempenho para a aplicação mais popular do país em meses de maio desde quando o BC passou a registrar os dados há 21 anos.

A poupança repete o mesmo padrão do ano passado. Desde o início de 2016, só registra saques maiores que os aportes. Em 2015, a aplicação ficou no azul apenas em dezembro por causa do pagamento do 13º salário. Um mês depois, viu a população sacar fortemente recursos para fazer frente às dívidas comuns na época como o pagamento de impostos e a compra de material escolar dos filhos.

Desde janeiro, a aplicação já perdeu R$ 38,9 bilhões. Esse é o resultado de saques e depósitos feitos. Isso significa que apenas nos cinco primeiros meses, o brasileiro já sacou 73% do volume de retiradas de todo o ano passado.

Essa debandada de recursos da caderneta de poupança é causada pelo achatamento da renda do trabalhador, pelo aumento do desemprego e pela alta dos juros. Sem dinheiro em caixa, as famílias lançam mão das economias para fecharem as contas do mês. Desempregados recorrem à poupança para sobreviver.

Quem tem dinheiro de sobra para poupar deixa a poupança e procura investimento mais atraentes por causa dos juros altos. Insistir em deixar recursos na poupança é perder para a inflação. Na poupança, o rendimento é de 6% ao ano, mais TR. Já a inflação deve ultrapassar a casa dos 7% neste ano.

Essa sangria da poupança tem feito o saldo da poupança cair. Atualmente, os brasileiros têm R$ 637,9 bilhões na aplicação. Esse valor já chegou a R$ 662,7 bilhões no fim de 2014. Antes da crise, era comum o aumento mensal desse número porque os bancos acrescentam ao valor do saldo o rendimento. No último mês por exemplo, os poupadores ganharam R$ 20,2 bilhões.