Cotidiano

Virgem Maria com Jesus de 12m feita de garrafas pet ficará em Botafogo

madona.jpg

RIO – Mais de cinco mil garrafas pet, pesando 350 quilos e ocupando um espaço de 12 por 4 por 3 metros. Não, não é um relatório de lixo das ruas. É a descrição do que foi feito com esse lixo: uma madona, representação da Virgem Maria com o Menino Jesus, de 12 metros de altura e usando apenas materiais reciclados.

A obra é do artista plástico carioca Eric Fuly, baseada num conceito do escultor holandês Peter Schmidt, numa parceria com a ONG holandesa Dopper, que busca conscientizar a sociedade sobre como trata o lixo plástico. Ficará exposta na Praia de Botafogo, zona Sul do Rio, como parte de um projeto de conscientização, a partir desta quinta-feira.

– É uma madona de 12 metros, a Virgem com Jesus no colo. 90% dos materiais usados são reciclados, a enorme maioria garrafas pet recolhidas na praia num outro projeto da Dopper. A única coisa não reciclável é uma estrutura interna de ferro – conta Eric, que trabalhou no projeto por três meses.

Segundo o artista, a “Plastic Madona” quer mostrar uma “recriação” do plástico jogado fora e poluindo o mundo, que agora ganha uma forma de maternidade, de renovação da vida.

– Todo matéria prima veio do solo, do que tinha sido abandonado para poluir. Agora, é utilizado, reestruturado, na verdade, para mostrar como esse plástico tem vida. É uma obra que usa o lixo, troca a forma do lixo, que passa a ser algo usável. E faz isso de diferentes jeitos e dependendo de diferentes olhares, juntando o lixo, a reciclagem, o consumismo desenfreado que vira lixo e isso tudo numa forma que é a essência da vida, a Mãe Sagrada e seu Filho – explica o artista.

eric.jpg

Ellen Sluis, embaixadora da Dopper no Brasil, diz que a simbologia da maternidade ou criação da vida é importante porque o plástico jogado no lixo já está tomando o espaço da vida nos oceanos.

– Os resíduos plásticos “descartáveis” são tóxicos. Hoje, de cada cinco garrafas pet, quatro vão parar no oceano. Há áreas nos mares que já são grandes regiões de plástico, onde há até 37% mais partículas de plástico, o plástico dissolvido, que plâncton, que é exatamente é fonte da vida nos oceanos, que produzem oxigênio, que são alimento. Os animais se alimentam das partículas no lugar do plâncton, e elas vão sendo absorvidas por cada forma de vida que come o animal. Ou seja, o plástico entrou no ciclo da vida – afirma ela.

Uma obra semelhante será feita na Holanda também com lixo jogado nas praias, também uma madona, mas de forma diferente: o trabalho europeu será feito com plástico reciclado como material para impressão 3D, e a obra será impressa. A escultura europeia ainda não tem data para ficar pronta.