Cotidiano

Relator rebate Cunha sobre acusação de manobra no Conselho de Ética

BRASÍLIA – O relator Marcos Rogério (DEM-RO) reagiu nesta quarta-feira às acusações feitas pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que o adiamento da sessão foi uma “manobra espúria” dele e do presidente do órgão, José Carlos Araújo (PR-BA).

? O especialista em manobra aqui não é o presidente ou o relator do conselho. Querer atribuir rótulo de manobrador geral do Conselho de Ética ao presidente e ao relator não combina com o conjunto dos fatos, dos acontecimentos. É só olhar para trás e ver. O histórico dos fatos deixa claro quem manobrou ? alfinetou Marcos Rogério

O relator também criticou a interferência do Palácio do Planalto na votação do Conselho de Ética.

? Esta questão na Casa deve ser resolvida levando em conta as provas e em ambiente político. Não dá para compreender que o governo queira se meter, ainda mais neste momento de instabilidade política. Mas não acredito que o presidente Michel Temer esteja fazendo isso, talvez alguns ministros tenham tentado, mas Temer tem problemas maiores para resolver ? disse Rogério.

Ao falar sobre a expectativa do voto da deputada Tia Eron (PRB-BA) , o relator afirmou que não pede votos e respeita a posição política de quem apoia Cunha pelo que ele fez na condução dos trabalhos da Câmara e na admissibilidade do impeachment de Dilma Roussef. Mas que não se pode fechar os olhos para os outros atos que ele cometeu.

? Negar que houve quebra de decoro é ignorância. O próprio pessoal dele admite isso no voto em separado. Meu parecer levou em conta o conjunto das provas, o simulacro, a máscara nas contas de trust para esconder crimes. Ele omitiu informação relevante e mentiu, não só sobre a existência de contas no exterior, mas o que ele praticou com essas contas ? disse Marcos Rogério, acrescentando:

? Bacelar também vê quebra de decoro. Nós dois concordamos que houve a quebra de decoro. Não dá para desconsiderar que o comportamento dele deteriorou a imagem do parlamento. A pena é que é diferente. As considerações finais estão prontas e estou pronto para apresentar ? afirmou Marcos Rogério.

O relator explicou que não há uma entrega formal das considerações. Elas serão feitas na próxima sessão do Conselho de Ética, incluindo considerações sobre outras manifestações dos conselheiros na discussão do processo de Cunha. No voto em separado, Bacelar diz textualmente: ” Mesmo no voto divergente não há como não desconhecer que o representado deteriorou o decoro parlamentar, isto é, a imagem pública do Parlamento”. Mas aplica a pena de suspensão de três meses, sem sequer tirar a prerrogativa de Cunha de presidir a Câmara.