AGRONEGÓCIO

Expectativa e tensão para o anúncio do plano safra “força para o Brasil crescer”

Presidente Lula anuncia o Plano Safra 2025/26. Descubra as novas linhas de crédito e os desafios para o setor agrícola - Foto: CNA/ Wenderson Araujo/Trilux
Presidente Lula anuncia o Plano Safra 2025/26. Descubra as novas linhas de crédito e os desafios para o setor agrícola - Foto: CNA/ Wenderson Araujo/Trilux

Brasil e Brasília - Nesta terça-feira (1º), às 11h, o presidente Lula e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciam o Plano Safra 2025/26 em cerimônia no Palácio do Planalto. O programa, que tradicionalmente oferece linhas de crédito, incentivos e políticas de apoio ao produtor rural, especialmente no segmento empresarial (médios e grandes), chega este ano sob um clima de frustração e incerteza.

Taxas de juros

Longe de um clima de otimismo, o setor aguarda um plano marcado por aumento generalizado nas taxas de juros. Fontes do governo já admitem que todas as linhas de crédito sofrerão elevação de até 2,5 pontos percentuais, justificando a medida com o “orçamento apertado” – agravado pelas derrotas no Congresso – e a taxa Selic mantida em 15% ao ano. A consequência direta será um custo maior para quem precisa de financiamento — numa cadeia produtiva que já lida com queda de renda, retração de mercados e atraso em políticas estruturantes.

Apesar das promessas de um plano “robusto”, cresce a desconfiança sobre a real capacidade do governo de entregar uma política agrícola à altura das necessidades do campo. Especialmente nas linhas de crédito controlado, que dependem de equalização de juros, o cenário fiscal restritivo tende a repetir os gargalos observados em anos anteriores, como os atrasos e cortes silenciosos no PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), fundamental para a sustentabilidade de lavouras em regiões de risco climático.

Na prática, o Plano Safra deste ano pode representar mais uma formalidade política do que uma resposta efetiva aos desafios do setor agropecuário. O governo promete, mas o produtor precisa administrar juros mais altos, menos subvenções e mais insegurança.

Mais LCAs para as operações

Uma das alterações relevantes do Plano Safra 2025/26 diz respeito ao aumento da exigibilidade das LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), cujo percentual foi elevado de 50% para 60%. Com essa mudança regulatória, as instituições financeiras ficam obrigadas a direcionar uma parcela maior dos recursos captados via LCAs para operações de crédito rural, em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo Banco Central.

Essa medida tem como principal objetivo ampliar a liquidez das linhas de financiamento agropecuário, sem gerar impacto fiscal direto ao Tesouro Nacional, uma vez que se trata de um mecanismo de estímulo baseado em instrumentos de mercado. A expectativa do governo é que esse ajuste regulatório viabilize a liberação de aproximadamente R$ 64 bilhões adicionais em crédito rural ao longo do ciclo 2025/26.

As LCAs têm se consolidado como a principal fonte de funding privado para o setor agropecuário, sobretudo no financiamento via CPRs (Cédulas de Produto Rural), que são amplamente utilizadas por produtores e tradings como instrumento de comercialização e adiantamento de insumos. Segundo estimativas do Ministério da Agricultura e do Banco Central, cerca de R$ 200 bilhões deverão ser alocados na aquisição de CPRs com recursos oriundos das LCAs, enquanto aproximadamente R$ 128,7 bilhões serão canalizados para operações de crédito rural com taxas de juros livres.