Estamos no Abril Verde, mês voltado à segurança do trabalhador. A campanha busca a conscientização de trabalhadores e empregadores quanto à melhoria das condições de trabalho, a redução dos acidentes e os agravos à saúde do trabalhador, além de mobilizar a sociedade para prevenção das doenças que ocorrem em decorrência do trabalho.
O mês escolhido faz referência ao Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. No Brasil, a Lei n.º 11.121/2005 institui a celebração dessa data no dia 28 de abril.
Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT), no Brasil, em 2018 (último ano da pesquisa), ocorreram 623,8 mil acidentes de trabalho entre a população com vínculo de emprego regular e cerca de 2 mil óbitos, um crescimento de 13,5% em relação ao ano anterior que registrou 549,4 mil acidentes de trabalho. No Paraná, foram 48,8 mil notificações de acidentes de trabalho em 2018, sendo que desse total, 197, terminaram em óbitos.
O maior número de notificações de acidentes de trabalho no período, 3,3 mil, ocorreu nas indústrias de abate de suínos, aves e outros pequenos animais. No topo do ranking também estão notificações de acidentes ocorridos nas áreas da saúde e da construção civil.
Outro dado que chama a atenção é que no Paraná, a cada 100 mil trabalhadores, nove perdem suas vidas por conta de acidentes no ambiente de trabalho. Ainda de acordo com o levantamento do MPT, a maioria dos acidentes de trabalho no Estado em 2018 (20%), aconteceu na capital, Curitiba, seguido de Londrina (7%), Maringá (5%) e Cascavel (5%).
Os acidentes de trabalho em 2018 geraram no Paraná a expedição de 9,8 mil concessões de benefício previdenciário de auxílio-doença e 596 concessões de aposentadoria por invalidez.
Esses números elevados demostram a importância da campanha Abril Verde. No Paraná, a iniciativa é do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado com o apoio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR). Neste ano, mesmo seguindo as recomendações da quarentena por conta da pandemia do Coronavírus, a campanha está sendo realizada em todo o Estado devido à relevância do assunto.
O presidente da Associação Paranaense de Engenheiros de Segurança do Trabalho (Apes), Roberto Serta, explica ainda que no atual momento da pandemia da Covid-19 as empresas estão reforçando os cuidados com a segurança para evitar a contaminação e propagação do vírus no ambiente de trabalho, e que as equipes das empresas estão buscando as melhores alternativas para este momento. “No mundo empresarial, algumas indústrias pararam as linhas de produção assim como algumas montadoras optaram por conceder férias coletivas. Mas aquelas empresas que produzem artigos e serviços essenciais à população implementaram um plano de contingência para minimizar os riscos, como por exemplo o home office. Já outras empresas optaram por equipes trabalhando em turnos e outras por algumas operações feitas com revezamentos diferenciados, além de manter foco na higienização dos ambientes, é claro”, observa.
O presidente da Apes lembra ainda que a correta higienização dos ambientes agora é fundamental em todos os setores, além de outras iniciativas para se evitar a contaminação pelo Coronavírus. “Os restaurantes estão trabalhando bastante com a higienização dos seus ambientes. Empresas dos setores do transporte estão orientando os motoristas a se movimentarem com os vidros abertos e em caso de funcionário com suspeita de contaminação pelo coronavírus, a ordem é que ele avise a chefia para ser acompanhado pelo serviço médico da empresa”, diz.
Falta de EPIs
No Brasil e no mundo, profissionais da área da saúde são hoje os mais atingidos pela pandemia, pelo contato direto com pacientes infectados. O gerente regional do Crea-PR em Cascavel, Geraldo Canci, ressalta a importância da utilização dos equipamentos de proteção individual na área de saúde. “O uso dos EPIs protege o profissional de materiais e equipamentos manipulados, tanto do agente de saúde como do paciente, evitando assim a contaminação por meio de materiais biológico ou produtos químicos tóxicos”, observa.
O número crescente de atendimentos na área da saúde tem gerado a falta de insumos para esses profissionais. “A grande dificuldade que as empresas enfrentam neste momento é o desabastecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs), principalmente nos hospitais, como luvas, máscaras, protetores faciais, toucas e outros. Por isso, as empresas estão buscando fornecedores de EPIs em grupos nas redes sociais e outras alternativas, como novos fornecedores”, conclui Roberto Serta, reiterando que as empresas precisam ficar atentas às recomendações de adquirir apenas EPIs homologados, e que o uso de máscaras caseiras, de pano, “são medidas recomendadas apenas para o cidadão comum. O trabalhador que está exposto ao risco biológico tem que utilizar um EPI homologado pelo fabricante”, alerta.
O presidente da Apes também ressalta que todas as ações das equipes de Segurança do Trabalho das empresas estão focadas, neste momento, na garantia da saúde dos profissionais.
Cuidados necessários aos profissionais da área da saúde (Portal PEBMED)
Sendo a linha de frente do enfrentamento da epidemia, profissionais de saúde devem seguir alguns protocolos, tanto nas rotinas de atendimento quanto na presença de pacientes com sintomas suspeitos. Os principais são:
Uso de EPI
O uso correto de EPI é uma das estratégias para proteção dos profissionais de saúde. Os EPIs recomendados variam de acordo com o nível de assistência:
- Profissionais da triagem (sem contato físico): máscara cirúrgica;
- Atendimento com procedimentos geradores de aerossóis (nebulização, aspiração de vias aéreas, VNI, intubação de vias aéreas, indução de escarro, broncoscopia): máscara N95, luvas, capote, óculos de proteção. O Ministério da Saúde também recomenda gorro.
- Atendimento sem procedimentos geradores de aerossóis: máscara cirúrgica, luvas, capote, óculos de proteção. O Ministério da Saúde também recomenda gorro;
Atenção especial deve ser dada no momento da retirada dos EPIs para evitar a contaminação das mãos e mucosas.
Higienização das mãos
Intensificar a higienização das mãos é uma das medidas mais efetivas para a prevenção de disseminação das doenças. Além dos clássicos cinco momentos, o profissional deve higienizar as mãos durante a retirada dos EPIs e após tocar superfícies que podem estar contaminadas. Pacientes também devem ser orientados a lavar as mãos com frequência.