Tabaco

Saúde e Inca seguem na guerra preventiva contra o consumo

Saúde e Inca seguem na guerra preventiva contra o consumo

Brasília – O Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer) lançaram nesta última semana de maio a campanha “Proteção das crianças contra a interferência da indústria do tabaco”, em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco, lembrado no dia 31. De acordo com a Organização Mundial da Saúde novos produtos, como os cigarros eletrônicos, e informações enganosas da indústria do tabaco, são uma ameaça, levando a uma iniciação ao tabagismo cada vez mais precoce.


Por meio de uma linguagem jovem, a campanha visa promover uma mudança de comportamento, além de proteger as novas gerações dos perigos do uso do tabaco, alertando sobre as táticas da indústria para atrair crianças e adolescentes, com interesse em garantir e ampliar seu mercado consumidor. Além disso, crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros mais tarde na vida.


Os DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar), que englobam os cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecido, possuem quantidades variáveis de nicotina e outras substâncias tóxicas, tornando suas emissões prejudiciais tanto para quem faz o uso direto quanto para quem é exposto aos aerossóis. Mesmo alguns produtos que alegam não conter nicotina, eles podem apresentar a substância em sua composição e suas emissões são nocivas.


Desde 2009, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou resolução proibindo a comercialização, fabricação e publicidade desses aparelhos no Brasil e neste mês de abril, endureceu ainda mais a regra. A nicotina causa dependência e pode afetar negativamente o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes, impactando no aprendizado e na saúde mental.

Rastreamento precoce
O tabaco continua sendo uma das principais ameaças à saúde global, resultando em mais de 8 milhões de mortes anualmente em todo o mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. No Brasil, em média 443 pessoas perdem suas vidas diariamente devido ao tabagismo. É crucial entender que os riscos associados ao cigarro vão muito além do câncer de pulmão, como se imagina.


Para a radioterapeuta do Hospital Ceonc, em Cascavel, Paula Soares, o tabagismo afeta todo o corpo, não apenas os pulmões. As mais de 7 mil substâncias químicas presentes no cigarro podem desencadear uma variedade de doenças graves e oncogênicas, como câncer de cabeça, pescoço – incluindo nariz, garganta e boca com feridas ou nódulos que não cicatrizem, mudanças na voz – câncer de bexiga, de colo uterino e pâncreas, entre outros, além de potencializar doenças como enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, entre outras.


Em relação ao câncer de pulmão, estudo divulgado esta semana pela Fundação do Câncer aponta que o tabagismo é responsável por 80% das mortes no Brasil. Caso o atual padrão de consumo de tabaco continue, a incidência desse tipo de câncer deve crescer 65% e a mortalidade 74% até 2040.


O Brasil é exemplo em políticas públicas de combate ao cigarro. Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição realizada em 1989 pelo Programa de Controle do Tabagismo, por exemplo, apontou uma prevalência de 32,4% de fumantes no País. Mais de 30 anos depois, dados recentes revelam redução para 12,8% na prevalência de fumantes no País.
Mesmo tendo a fabricação, importação, comercialização, distribuição e propaganda de dispositivos eletrônicos proibida pela Anvisa, a ilegalidade atrai principalmente jovens, o que acende a luz vermelha. “É impossível achar que um produto que contém químicos não provocará mal algum”, alerta a doutora.


Para quem opta pela saúde, existe apoio. O SUS, inclusive em Cascavel, oferece tratamentos gratuitos que incluem terapia medicamentosa e emocional. “Com os recursos e o apoio certos, é possível deixar o hábito do cigarro e garantir uma vida mais saudável”, finalizou a médica.