Curitiba – O Ministério da Saúde surpreendeu a todos ontem ao retirar a recomendação de vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos contra a covid-19 em todo o País. O início oficial da imunização desse público era esperado para a quarta-feira (15), com o começo da aplicação da terceira dose aos idosos com mais de 70 anos.
Contudo, o ministro Marcelo Queiroga afirmou, em entrevista coletiva, que os adolescentes sem comorbidades que tomaram a 1ª dose, por ora, não voltem para a 2ª aplicação. Já aqueles com comorbidade devem concluir o esquema vacinal.
No Paraná, apenas Toledo vacinou quase todo esse público, pois participa de um projeto da Pfizer. Contudo, a maioria das cidades praticamente encerrou a vacinação da população adulta, e aguardava o envio de doses para iniciar a imunização dos jovens.
Na noite de ontem, o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, disse que também foram pegos de surpresa e que estão debatendo o assunto com o MS, aguardando um novo posicionamento. “Quero fazer um alerta. Temos que trabalhar junto com os municípios e somente avançar se tivermos confiança de que teremos as doses suficientes para vacinar os adolescentes. Estamos trabalhando com afinco nesse assunto, não vamos gerar pânico por enquanto, nenhuma tomada de decisão equivocada, mas vamos trabalhar com a tranquilidade e o equilíbrio que temos imprimido na gestão da crise do coronavírus desde o início da pandemia no Paraná”.
“Tenho certeza que vamos conseguir vacinar [os adolescentes], mas, para isso, temos que trabalhar nos próximos dias junto do MS, que é quem compra doses de vacinas no Brasil. Sem nenhum tipo de ilusão, vamos aguardar os próximos capítulos para resolver isso de uma vez por todas. O importante é imunizar todos. Vamos terminar a vacinação daqueles que têm mais de 18 anos. E vamos continuar atendendo as pessoas, primeiro na vacinação da terceira dose dos idosos e iniciando a vacinação dos adolescentes, porém, vamos aguardar para que tenhamos confiança naquilo que vamos fazer”.
Anvisa e estados orientam continuidade
Os conselhos que reúnem secretários municipais e estaduais de Saúde, Conass e Conasems, emitiram nota conjunta na noite de ontem na qual orientam a continuidade da vacinação em adolescentes sem comorbidades, a despeito da orientação em sentido contrário divulgada pelo Ministério da Saúde.
“Ao implementar unilateralmente decisões sem respaldo técnico e científico, coloca-se em risco a principal ação de controle da pandemia”, dizem os órgãos em nota.
A manifestação ocorreu logo após a Anvisa também manter a indicação de vacinar adolescentes. A agência informou que investiga suspeita de reação adversa de uma adolescente que morreu após tomar a vacina da Pfizer, mas destacou que não há elementos suficientes para relacionar a morte ao imunizante.
“Com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações da bula aprovada, destacadamente, quanto à indicação de uso da vacina da Pfizer na população entre 12 e 17 anos”, diz a Anvisa, que cita a liberação do imunizante para a mesma faixa etária em países como Estados Unidos, Reino Unido e também na União Europeia. “Benefícios da vacinação excedem significativamente os seus potenciais riscos”, lembra o órgão.
38 mil paranaenses já perderam a vida
A Secretaria de Estado da Saúde divulgou ontem (16) mais 2.112 casos confirmados e 70 mortes, e o Paraná chegou a 38.050 mortos em decorrência da covid-19. No total, 1.478.428 pessoas contraíram o vírus e tiveram o diagnóstico confirmado no Estado desde o início da pandemia.
Os casos informados ontem são de setembro (1.758), agosto (177), julho (15), junho (119), maio (39) e abril (2), março (1) e janeiro (1) de 2021.
Ontem, havia 2.245 pessoas internadas em leitos exclusivos para tratar covid-19, das quais 1.216 em UTI.
Quanto aos óbitos, tratam-se de 25 mulheres e 45 homens, com idades que variam de 27 a 96 anos. Os óbitos ocorreram entre 20 de maio a 16 de setembro de 2021.