ELEIÇÕES 2024

Debate expõe fragilidades da atual gestão que ficou sem representante e sem defesa

Foto: O Paraná
Foto: O Paraná

Na noite de ontem (3), final do prazo legal para a realização de debates eleitorais, três dos quatro candidatos à Prefeitura de Cascavel participaram do único debate destas Eleições 2024, promovido pelo O Paraná/Portal SOT (clique aqui para assistir). O debate foi marcado por propostas nos primeiros três blocos, no entanto, o quarto e último bloco, o tema livre deu espaço para alfinetadas, em especial ao candidato Renato Silva (PL), que se recusou a participar. O debate reuniu Edgar Bueno (PSDB), Professora Liliam (PT) e Márcio Pacheco (PP).

“Elefante na sala”

A ausência de Renato Silva foi barulhenta — um “elefante na sala”. Liliam não perdeu a oportunidade de questionar o patrimônio crescente de Renato Silva, lembrando a isenção de R$ 16 milhões dada à empresa do vice, por criada pela atual gestão. Edgar pegou carona e lamentou a falta de respostas de Paranhos sobre as denúncias realizadas pelo ex-deputado federal Evandro Roman contra o atual mandatário de Cascavel, questionando especialmente o crescimento relâmpago das empresas de Paranhos.

Marcio Pacheco, afiado, também disparou contra denúncias de que Renato estaria utilizando a máquina pública e manipulando servidores, pressionados a votar no candidato do governo. “Se o candidato da situação não vencer, as cestas básicas acabarão”, denunciou, expondo um cenário de “assédio”. Liliam e Pacheco concordaram que a ausência de Renato Silva foi demonstração clara do desespero de uma candidatura que teme questionamentos públicos.

Em uma das rodadas, Edgar perguntou à Liliam, que é vereadora, se ela se surpreendia com o enriquecimento do prefeito e sua família. A candidata foi categórica ao afirmar que, sim, ficou surpresa e criticou a Câmara de Cascavel que, segundo ela, aprova leis importantes “a toque de caixa”, sem espaço para o debate adequado.

Pacheco não quer “bater boca com pacientes”, mas “melhorar a cidade”

“Gestão pública é prioridade e a prioridade é o povo”. Esta foi uma das frases que o candidato Marcio Pacheco (PP) defendeu durante o debate realizado na noite de quinta-feira (3). Criticando a ausência do candidato do PL que não compareceu ao embate, Pacheco disse que tem recebido denúncia de servidores públicos que estão sofrendo assédios até com a promessa de perda de cestas básicas, caso o candidato da situação não seja eleito. Para ele, essa uma demonstração da forma que estão tentando “votos com o uso da máquina pública” e se solidarizou com o funcionalismo público que, segundo ele, vem sendo pressionado. “Quem trabalha melhor é quem se sente valorizado”, afirmou.

Pacheco apresentou uma série de propostas em todas as áreas como investimento na agricultura familiar, implantação de subprefeituras nos distritos e melhoria da pavimentação rural. Ele ainda destacou a proposta de prevenção às drogas com a criação do “maior programa de esportes da história de Cascavel”, investimentos no trabalho de repressão ao tráfico e ampliar suporte para as entidades que já fazem o trabalho de atendimentos aos dependentes químicos.

O candidato do PP também falou sobre as “denúncias que acaloraram” a campanha nas últimas semanas, sobre suspeitas de enriquecimento ilícito do prefeito Paranhos, citando a colaboração do senador Sergio Moro para criação de uma “Agência Municipal Anticorrupção” que fará a fiscalização de todas as obras públicas e a gestão dos recursos.

Pacheco também detalhou a construção de quatro viadutos para ampliar a mobilidade e a segurança no trânsito em pontos nevrálgicos e estratégicos da cidade, além de novo Cmeis para atender a demanda represada por vagas.

“Sem bate-boca”

A saúde como prioridade em sua eventual gestão ganhará um novo Hospital na Região Norte. “Ao contrário do que foi feito nesta semana pelo o prefeito atual, que ao fazer campanha e passar pela a UPA Brasília, bateu boca com pacientes que reclamaram da falta de médicos e da longa demora. Queremos melhorar e muito a nossa cidade”, completou.

Gestão transparente é obrigação, afirma Edgar Bueno

Prestes a completar 76 anos de idade e diante da possibilidade de sentar na cadeira de prefeito pela quarta vez, Edgar Bueno (PSDB) mostrou que está afiado e que tem os números da administração pública na ponta da língua, habilidade que mostrou logo no início do debate.

“Vocês não têm ideia do quanto eu me preparei para este quarto mandato. Eu conheço cada rua desta cidade”, disparou na largada, para logo em seguida rebater a ideia da candidata Professora Liliam (PT) de oferecer transporte público gratuito, afirmando que ‘hoje o serviço é terceirizado e está no sufoco, no máximo daria para fazer a ‘domingueira’ (tarifa de R$ 1,00 aos domingos). Disse também que o serviço já deveria ter sido licitado e é “algo que não foi feito até hoje por falta de competência”.

Ao longo das respostas, réplicas e tréplicas a que tinha direito, Bueno aproveitou para costurar críticas à situação e, sem filtros, lançou ao atual vice-prefeito e candidato do PL que estava ausente do debate: “Antes de se credenciar como candidato, devolva os R$ 16 milhões aos cofres públicos para estar à altura de pedir voto para a população” – se referindo à pergunta que ele mesmo fez ao candidato Marcio Pacheco (PP) sobre o “presente” dado pelo atual prefeito em isenções à empresa do vice, enquanto que, segundo Edgar, “falta dinheiro até mesmo para comprar o papel higiênico na prefeitura”.

No bloco final, Edgar Bueno demonstrou surpresa pela primeira vez, ao ser questionado pela candidata Liliam sobre o aumento do patrimônio do vice-prefeito, algo que ele revelou não saber até então – mas a resposta veio rápida, assim como todos os números e contas que ele fez de cabeça: “O aumento patrimonial veio do ‘presente’ de R$ 16 milhões”, disparou.

O candidato tucano ainda endureceu a fala ao indagar sobre os questionamentos e denúncias que surgiram nas últimas semanas e que ninguém responde na prefeitura. Em tom ainda mais provocativo, Edgar disse que Paranhos precisa explicar sobre os “138 lotes” e “que isso não vai ficar assim”.

“É preciso abrir a caixa-preta da Prefeitura de Cascavel”

A Professora Liliam, do PT, foi a primeira a chegar ao Hotel Maestro, local do debate promovido pelo Jornal O Paraná em parceira com o Portal SOT. Logo na chegada, ela agradeceu a oportunidade de expor suas ideias e considerou a iniciativa fundamental para confirmar o plano de governo exposto para toda a população ao longo da campanha.

“Queremos uma Cascavel de todas as vozes. Queremos que o desenvolvimento da cidade seja equilibrado e que os bairros passem a contar definitivamente de políticas públicas”, destacou, ao ser questionada sobre os motivos que a levaram a ser candidata a prefeita.

Liliam reforçou sua defesa da proposta de tarifa zero para o transporte. “O transporte público também faz parte da política pública previsto na Constituição. Nosso mandato terá tarifa zero, favorecendo a comunidade”.

Contraste

Na saúde, a candidata petista disse que Cascavel é uma das cidades do Paraná com o maior índice de mortalidade infantil, com 11,24 mortes a cada mil nascidos vivos até 1 ano. “Esses dados assustadores contrastam com o título de segunda melhor cidade do Brasil”.

No tema licitação, a candidata revelou que a atual administração dispensou os certames 1.200% a mais do que governos anteriores, além de reclamar, outra vezes, de informações incompletas da administração. “Falta transparência da gestão atual. Como vereadora, sempre tive problemas em acessas os dados. Chegando à Prefeitura, é fundamental que se abra a caixa-preta para ter os dados concretos e entender a situação da cidade”.

O terceiro bloco começou com o candidato Marcio Pacheco perguntando à professora Liliam sobre funcionalismo público. Segundo Pacheco, os servidores estão desvalorizados e desprestigiados e muitos adoecendo por assédio, pressão e desrespeito. A candidata respondeu que a atual administração é “anti-servidor” e isso vai continuar com o candidato apoiado pelo atual prefeito. “E essa coação agora se estende à questão eleitoral junto aos servidores”.

Sobre a ausência do candidato apoiado pelo atual governo, a candidata disse que a campanha da situação “é cenográfica”, assim como a propagando feita pelo atual prefeito. Sobre as denúncias de enriquecimento do atual prefeito, a professora Liliam disse que são informações são assombrosas e mais assustadora ainda “é a omissão e silencia absoluto das partes que foram citadas”.