Política

Coluna Contraponto do dia 04 de agosto de 2018

A hora e a vez de eliminar candidatos

Pelo jeito acabou a velha e boa prática da democracia brasileira de se enfrentar adversários e derrotá-los nas urnas. Agora, a moda é impedir que cheguem lá. Prenderam Lula numa cela da Polícia Federal e ele, mesmo com 30% nas pesquisas, não poderá ser candidato. Bom aprendiz, o próprio Lula articulou o esquartejamento da candidatura de Ciro Gomes (PDT), para evitar que se tornasse uma opção para a esquerda brasileira.

Por aqui…

No Paraná, toda a articulação política dos últimos meses foi feita para tirar o ex-senador Osmar Dias, PDT, da disputa para o governo, mesmo com seus 30% de intenções de voto. E a mesma ação se estende para outros escalões: o ex-governador Beto Richa, se for candidato ao Senado, pode atrapalhar a eleição de vários candidatos a deputado federal do próprio partido. O que se faz: isola-se o ex-governador a tal ponto que ele, mesmo com 20% do eleitorado para o Senado, pode disputar uma vaga na Câmara.

Nunca antes

É do jogo político e sempre foi assim, dirão os mais experientes. Pode ser mesmo, mas nunca tantos tombaram antes de mostrar a que vieram. E até agora um personagem crucial para o exercício da democracia, aquela de onde “o poder emana do povo, etc, etc”, o eleitor, não é levado em conta nem para servir o cafezinho.

Osmar fica…

O que prende Osmar Dias prioritariamente à candidatura ao governo do Estado é a insistência de pelo menos três partidos pequenos e médios que demonstram vontade de firmar aliança com ele. Se confirmados, poderiam elevar seu tempo de propaganda eleitoral na TV para pouco mais de um minuto, mas ainda assim não poderia contar com outras vantagens adicionais e importantes numa campanha: estrutura, capilaridade e recursos financeiros.

…Osmar sai

Ao redor de Osmar, como “conselheiros” de última hora, circulam opiniões divergentes. A que parece ter mais força é a dos que afirmam que, apesar de todos os pesares, ele terá votação suficiente para, pelo menos, chegar com a segunda maior votação no primeiro turno e, portanto, apto a disputar o segundo – momento em que o jogo se iguala entre os dois candidatos. A corrente minoritária se esforça para convencê-lo a concorrer ao Senado enfrentando Roberto Requião e (talvez) um combalido Beto Richa.

Jogos paralelos correm por fora no Paraná

*PSB e DEM já teriam decidido isolar Beto Richa, candidato do PSDB ao Senado. Preferem ficar na aliança de apoio a Cida Borghetti, que tem o deputado Alex Canziani (PTB) na chapa disputando o Senado;

*Na coordenação da campanha de Cida Borghetti aguarda-se com ansiedade uma decisão de Osmar Dias (PDT). Se se definir por uma candidatura ao Senado, a avaliação é que a eleição seria decidida entre Requião e Osmar, com evidente enfraquecimento de Beto Richa e Canziani;

*Nesse caso, há até a possibilidade de Canziani ser deslocado para a vaga de vice na chapa de Cida, de modo a facilitar a campanha de Osmar Dias ao Senado. Uma espécie de “acordo branco” sem o consentimento ou aquiescência da outra parte;

*Isolados e sem um candidato a governador para chamar de seu, deputados do PSDB insistem mais do que nunca para que Beto Richa abandone o sonho de ser candidato a senador e baixe seus planos para uma cadeira de deputado federal. Com a grande votação que certamente faria, poderia salvar o mandato de vários parlamentares que temem não ser reeleitos, caso de Luiz Carlos Hauly.

*O senador Roberto Requião já aproveitou os sinais de vácuo e entrou em entendimentos com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Prometeu oferecer palanque no Paraná para Ciro Gomes, algo de que o temperamental presidenciável cearense não tinha no Estado. Lupi gostou da ideia mais pediu tempo.

*Com isso, Alvaro Dias, que esperava apoio unânime da política paranaense em torno de sua candidatura à Presidência, ganhará adversários explícitos e de verve demolidora – Requião, Ciro e todo o MDB.