Foz do Iguaçu – Os confrontos registrados nos últimos dias entre forças de segurança e criminosos às margens do Rio Paraná, na Costa Oeste, evidenciam o desespero de quem teve as atividades ilegais interrompidas pela intensa e constante fiscalização. “Esses ataques são sinais claro de desespero das associações criminosas que vêm sofrendo um baque violento com as apreensões realizadas, que causam prejuízo direto”, avalia o coordenador-geral de Fronteiras da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Eduardo Bettini.
Segundo ele, nesses 15 meses da Operação em Guaíra já evitou a entrada no Brasil de R$ 11 bilhões em contrabando. “Esses ataques às forças vêm acontecendo há algum tempo, mas têm ficado mais constantes, conforme vai aumentando o desespero”, repete.
Contudo, o coordenador diz que a ação dos marginais tem uma reação imediata, já que os ataques levam a reforços ainda maiores na fiscalização.
Ele cita a morte do soldado Daniel Henrique Trarbach Engelmann, do Exército, ocorrida no dia 10 maio deste ano, em Guaíra. O soldado atuava na Operação Hórus no Rio Paraná, quando uma embarcação clandestina atingiu o barco em que ele e outros dois representantes do Exército estavam. O corpo de Daniel só foi resgatado cinco dias depois. “Um ataque violento aos profissionais que ali trabalhavam, no bloqueio do rio, com o objetivo de intimidar, mas que resultou em uma intensificação da fiscalização com helicópteros, mais embarcações e mais efetivo. É isso o que fazemos a cada ataque: aumentamos a segurança”.
Bettini constata: “A violência empregada só mostra que estamos no caminho certo do objetivo de combater o contrabando e que vem dando o resultado esperado”.
Ele garante que esse recrudescimento dos criminosos já era esperado e que as forças de segurança estão preparadas para enfrentá-lo. “A Hórus é uma operação não apenas permanente como constante. Estamos vigilantes 24 horas por dia e progressiva, ou seja, vamos agregando forças e criando uma rede de proteção e fiscalização então esse desespero tende a aumentar”, frisa Eduardo Bettini.
Prejuízo ao crime organizado
Dados do Ministério da Justiça mostram que somente de janeiro a julho deste ano o prejuízo aos criminosos por conta das apreensões já chega a R$ 232.856.365,50 no Estado e o prejuízo evitado aos cofres públicos, com impostos que seriam sonegados, é de R$ 138.760.549,91.
Nesse período, foram apreendidos 28.973.836 de maços de cigarros de origem ilegal e 63.658,93 quilos de drogas.
O recorde de apreensões de drogas aconteceu em junho, com volume de 34,954 toneladas. Em julho, até o dia 20, já haviam sido recolhidas 8,691 toneladas.
Bettini afirma que não há como prever se a safra da maconha no Paraguai pode provocar novo aumento nos volume de entorpecentes apreendidos. “É difícil fazer uma previsão. Em junho, por exemplo, tivemos um salto no volume de drogas: em uma carga só foram 23 toneladas. O que podemos afirmar é que estamos com a fiscalização intensa e esperamos apreender o maior número possível, pois isso deixa de entrar no país e financiar o crime”, frisou.
Consumo de cigarros
Já em relação à apreensão de cigarros, Bettini observa o aumento no volume, pois em 20 dias de julho foram apreendidos 6.730.500 maços, recorde mensal neste ano. “Uma pesquisa recente realizada com base em números da Receita Federal mostra que houve uma redução no consumo de cigarro no Brasil, aliada a um aumento de 35% na produção nacional do produto. Então, isso mostra que há uma relação direta com o bloqueio de entrada do cigarro contrabandeado no País, que já gera uma falta do produto e se desenha uma mudança de mercado. Isso é uma tendência e o resultado do trabalho intenso que vem sendo realizado nas fronteiras”, garante Bettini.
Integração com municípios
O Programa Nacional de Segurança nas Fronteiras e Divisas, do qual a Hórus faz parte, deve ficar ainda mais presente nos municípios. Um convênio entre o programa e os 15 municípios lindeiros ao Lago de Itaipu vai possibilitar o funcionamento do novo sistema de comunicação, que está em fase final de instalação. São seis torres instaladas ao longo da fronteira paranaense.
Os municípios se comprometeram a custear a energia e a internet para a manutenção e o funcionamento das torres e devem ser beneficiados com a troca de informações. “Nosso objetivo é cada vez mais nos aproximar dos municípios. Com essa cooperação, as forças locais, que têm muito conhecimento de tudo o que acontece na região, podem auxiliar na fiscalização com troca de informações. Vamos avançar ainda mais no trabalho como um todo. Estaremos em todos os locais, por meio das informações, e faremos um trabalho ainda mais aprimorado”, garante Eduardo Bettini.
Ele garante ainda que, com a presença das forças de segurança, além de melhorar a qualidade de vida da população, o crime deve dar lugar a outras perspectivas, como exploração do turismo local. “Nós já conseguimos realizar mudanças de perspectivas em jovens que antes atuavam na criminalidade e hoje trabalham outros setores. Esse trabalho deve ser ampliado e intensificado. Colocar no lugar do crime oportunidades”, complementa Bettini.
O novo sistema de comunicação da Hórus passa pelos últimos ajustes e deve começar a funcionar até setembro. Em Querência do Norte o sistema já está em uso e, por meio da troca de informações, possibilitou duas grandes apreensões, avaliadas em R$ 5 milhões.
Vale lembrar que o investimento nos equipamentos e a implantação do novo sistema é de R$ 13 milhões.
O Programa Vigia conta com a atuação das seguintes instituições: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Força Nacional de Segurança Pública, Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente), Receita Federal, Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira.